domingo, 21 de abril de 2013

O poder do Amor

Acredito que não somos somente humanos, nem mesmo seres humanos que eventualmente desfrutam de experiências espirituais, mas seres espirituais que têm experiências humanas.

Possuímos diversas dimensões que podemos vivenciar e das quais podemos usufruir.

Temos em nosso espírito, possibilidades acima do tempo e das limitações físicas e há muitas formas de entrarmos em contato com o Eu Superior que abrigamos. Trata-se de caminho no qual quanto mais avançamos mais nos tornamos capazes de alcançar graus cada vez mais alto de espiritualidade.

Quanto mais profundamente nossa prática de meditação nos leva, mais nos distanciamos do plano físico das aparências e tentações, da importância que damos às frustrações, aos rancores e ressentimentos e mais e mais nos envolvemos que este Eu Superior, com esta infinita capacidade em AMAR.

Por consequência em aceitarmos esta nova visão de vida e do mundo e compreendermos esse amor que está dentro de nós ao possuir esse dom tão precioso e repleto de beleza, nos sentimos seres dignos de ser amados e alcançar a felicidade.

Somos sim, seres luminosos e iluminados destinados à eternidade. A espiritualidade que cura e traz esse equilíbrio é essa capacidade de amar e sermos amados. É o que nos devolve ao mundo munidos de habilidades impressionantes, menos sujeitos a inibições e constrangimentos, o subconsciente é uma matriz de criatividade e de respostas intuitivas. Criatividade e intuição, duas fontes de realização, mas que, habitualmente, subestimamos ou mesmo reprimimos.

A verdadeira cura e o nosso verdadeiro equilíbrio dependem de nos reencontramos com nossa essência espiritual. Sem a mágoa e o rancor trazidos de muitas e muitas brigas, ao longo dos anos de experiência conjuntas no pretérito, poluindo a capacidade de amar entre dois seres; muitos atritos aparentemente irreversíveis podem e devem ser resolvidos com uma declaração fraterna e incondicional de amor, com um abraço espontâneo e sincero dado do fundo do coração ou da alma!

A Espiritualidade Maior está na maneira como a buscamos e de como estivermos preparados.

Voltados para o nosso íntimo somos responsáveis pelo nosso próprio aprendizado de paz, do perdão e do exercício incondicional do amor.

Ele não deve ser postergado fazendo com que percamos tempo por demais precioso para alcançarmos a felicidade que nos é destinada. Não há outra maneira de aprender, a não ser nos conhecendo e transformando nossos medos em força e alegria, por intermédio do Perdão e do Amor. 

Essa é a primeira e principal lição. Nossa tarefa no plano físico é aprender. Aprender no sentido mais amplo mais ilimitado: Aprender a AMAR!

Amar e perdoar aos outros e a nós mesmos. Esse é o conhecimento que nos torna Divino. O único que pode nos alimentar e nos oferecer realizações.

Você é muito maior que seu corpo, maior que sua mente. Você é um maravilhoso Ser de Luz e de Amor, Imortal e Eterno. Você é maior que seus medos, do que sua ansiedade, seus rancores, suas preocupações. Você é até mesmo maior que seu sofrimento.

Você está sempre rodeado de Amor, recebendo vibrações de um Amor que pode protegê-lo e confortá-lo. Que pode alimentá-lo e receber realizações. E você pode sentir e até visualizar o Amor que lhe envolve.

Pode reencontrá-lo nas profundezas de sua essência, na sua imensidão interior, de onde você sempre conseguir olhar o mundo e sentir-se capaz de torná-lo um lugar mais feliz para você e para os demais que comungam de sua existência.... Apenas o poder do Amor!

Texto baseado no livro: “Muitas Vidas muitos Mestres” - Dr. Briann Weiss

domingo, 14 de abril de 2013

Não nascemos prontos...

O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: "O animal satisfeito dorme". Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais profundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação.

A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece.

Por isso, quando alguém diz "Fiquei muito satisfeito com você" ou "Estou muito satisfeita com seu trabalho", é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a idéia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é alguém dizer "seu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas".

Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, nos deixa insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, permanece um pouco apoiado no colo e nos deixa absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?

Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.

Quando crianças (só as crianças?), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar, emagrecer etc), ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: Por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e ingênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; todavia, ambição é diferente de ganância, dado que o ambicioso quer mais e melhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio.

Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais se é refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar.

Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na idéia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse, mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando...
Isso não ocorre com gente, mas com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta e vai se fazendo. Eu, no ano 2000, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado, não no presente.

Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, "não convém fazer escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro"...

Autor: Mario Sergio Cortella