domingo, 29 de janeiro de 2012

A língua

Não obstante pequena e leve, a língua é, indubitavelmente, um dos fatores determinantes no destino das criaturas.

Ponderada - favorece o juízo.

Leviana - descortina a imprudência.

Alegre - espalha otimismo.

Triste - semeia desânimo.

Generosa - abre caminho à elevação.

Maledicente - cava despenhadeiros.

Gentil - provoca reconhecimento.

Atrevida - traz a perturbação.

Serena - produz calma.

Fervorosa - impõe a confiança.

Descrente - invoca a frieza.

Preces e Mensagens Espirituais. Chico Xavier e André Luiz.

Cuidemos dessa pequena parte do nosso corpo. Ela pode nos arruinar...

domingo, 22 de janeiro de 2012

A escravidão está na mente

Uma bem conhecida sentença em um dos Upanishads, afirma que a mente, por si só, é causa, tanto da escravidão, como da libertação do homem.

A maioria das pessoas acreditam que está presa pelas circunstâncias e agem como se fossem vítimas, porque não compreendem as forças e condições existentes em torno delas. O homem primitivo, que observava o relâmpago e o trovão, o desaparecimento do sol e a descida da escuridão sobre a terra e vários outros fenômenos, sentia-os como ameaças e que ele devia apaziguar os deuses e, para isso, recorrer a feiticeiros, aprender encantamentos, erigir colunas totêmicas e fazer todo tipo de coisas para afastar o mal que ele acreditava pudesse sobrevir. Os mesmos fenômenos, vistos pelo homem moderno, não geram nele mais o medo, porque o conhecimento o fez compreender as leis e forças operando por detrás dos fenômenos.

Há uma teia de forças na natureza que cria as condições nas quais as pessoas vivem. Elas incluem forças como a gravidade, a eletricidade e o magnetismo. O homem sabe como essas forças funcionam e é capaz de predizer as condições que serão criadas. Pode controlar as circunstâncias em torno dele, alterando e regulando tais leis. O conhecimento habilita-o a mudar as condições e a não considerar a si mesmo como vítima delas. Esta é a posição do homem agora em relação àquela parte do mundo fenomênica que passou a compreender.

Voos à Lua e comunicação através de satélites com distantes partes da terra são maneiras de conquistar o ambiente. Mas o conhecimento do homem, mesmo agora, pertence a um campo muito limitado. Os homens brilhantes que podem manipular a natureza e neutralizar as forças de gravidade, etc., são também vítimas das circunstâncias no campo psicológico. A ignorância torna-os temerosos e inseguros e tão escravizados pelas forças interiores, quanto o homem primitivo o era em relação às forças externas, físicas. No campo psicológico também, as forças criam as condições e aquele que quiser ser livre e destemido, deve compreender as leis que operam. Uma das três grandes verdades proclamadas no livro “O Idílio do Lótus Branco”, declara: “CADA HOMEM É SEU ABSOLUTO LEGISLADOR, O DISPENSADOR DE GLÓRIA OU ESCURIDÃO PARA SI MESMO, O DECRETADOR DE SUA VIDA, RECOMPENSA E PUNIÇÃO”.

Em outras palavras, cada homem cria as condições ao seu redor, o seu carma. A escravidão nada mais é senão a prisão construída pelas forças cármicas que cada um cria. A escravidão diz-se estar no ciclo de nascimentos e mortes, a compulsão para o sofrer. São modos diferentes de afirmar a mesma coisa.

A maioria das pessoas acredita que pode escapar das consequências de seus atos, mentais e físicos. Existem algumas que reconhecem, pelo menos teoricamente, que não é possível escapar das consequências das forças que liberam, mas não creem realmente nisso. Se acreditassem no carma, seriam extremamente cuidadosas acerca de tudo o que fazem, o que pensam e sentem, seu relacionamento com as outras pessoas e assim por diante. A fraqueza da crença é tornada evidente pela negligência na conduta. É possível escapar às consequências de um ato no mundo físico durante o curso de uma vida. No caso de uma pessoa que rouba, ela pode ser presa imediatamente ou sua falta pode permanecer encoberta durante muito tempo; mas não pode escapar dos resultados indefinidamente, pois “os moinhos de Deus moem lentamente”, trituram até pedaços extraordinariamente pequenos. No entanto, o que é mais sério não é a descoberta do roubo e a pessoa ser presa, mas o efeito da consequência imediata no campo psicológico.

Aquele que engana outra pessoa e pensa que pode ir embora, ilude-se dolorosamente. Muitas pessoas encobrem fatos ou os deturpam ao relatá-los, pretendendo serem diferentes do que são. Não é raro se mostrar uma face diferente sob circunstâncias diferentes. Tudo isso acontece porque no fundo da mente há um sentimento de que se pode escapar. Na verdade, porém, há um efeito imediato quando há qualquer ação. Quando há um ato de enganar, dá surgimento a um certo “momento” na psique da pessoa. Esta é a imediata, mas invisível consequência. Há muitas coisas na psique que não são percebidas. Há as memórias conscientes e também as inconscientes. Se você encontra alguém a quem não vê ou na qual você não pensa há anos em sua mente consciente, pode não haver memória dessa pessoa, se ela é desta ou daquela maneira. Tudo desaparece. Posteriormente você a encontra e a reconhece. Esse reconhecimento significa que, embora a mente consciente não mantivesse nenhuma memória, a inconsciente manteve-a e essa recordação veio à superfície. O reconhecimento implica em comparar como agora ela aparece, seu comportamento, seus gestos, etc.

Contudo, há memórias mais profundas. As pessoas têm recordações da infância que estão além da lembrança, exceto sob hipnose ou em momentos de crise. Atrás do limiar da memória consciente há toda um área, como um iceberg oculto. Se a energia é liberada na psique, o “momento” também pode submergir abaixo do nível consciente. Quando há uma oportunidade adequada, ele consegue manifestar-se. Por exemplo, quando uma ação é fraudulenta, como dissemos antes, um “momento” é criado, que pode estar oculto e dormente, abaixo do nível consciente. Num determinado instante, transforma-se num impulso para fazer o mesmo tipo de coisa. Isto torna-se um círculo vicioso, de escravidão; a ação que cria a tendência, a tendência que impele à ação, seja ela de fraude, medo ou inveja, ou uma mistura de vários tipos.

No ser humano existem inúmeras tendências “empurrando” a pessoa indiretamente, queira ou não, saiba ou não. Quando uma pessoa sofre de timidez ou medo, cada sombra a faz sentir que pode haver um inimigo oculto. Quando há orgulho, um homem imagina que há intenção de ofendê-lo, mesmo diante de uma afirmação inocente a seu respeito. Além disso, a mente inconsciente conecta o sentimento com características externas pertencentes a outra pessoa, de quem o perigo ou o insulto é pensado decorrer. Assim, as pessoas têm reações compulsivas contra negros ou brancos, judeus, etc. e contra todos os tipos de coisas. “Momento”, tendências e compulsões vêm à tona no campo da ação, não apenas do passado recente mas das profundezas até de nossa natureza animal. A maioria das pessoas age de acordo com esse profundo condicionamento.

Enquanto há compulsão de dentro, um “momento” sobre o qual não há controle, não há liberdade de modo algum. É a escravidão que a mente cria, porque está num estado de não apercebimento, já que não se dá ao trabalho de descobrir o que está acontecendo a si mesma.

Os condicionamentos da mente criam enormes problemas – de cor, nacionalismos, diferenças raciais, etc. Por causa desse condicionamento existente, ela identifica-se com a família, a comunidade, a religião, etc. Mas a mente pode libertar-se se vê que está criando círculos dentro dos quais está escravizada. Não é necessário que alguém seja vítima de qualquer circunstância. Em lugar de criar “momentos” de insinceridade ou medo através do não-apercebimento, a pessoa pode gerar outras energias, tais como paciência, afeição e calma. Estas regras surgem através do apercebimento e têm uma qualidade de estabilidade. Não são reações.

Atrás da vigilância e do cuidado exercidos na vida diária, a pessoa pode começar a perceber o que é o estado de liberdade. Dentro da mente há possibilidades de escravidão, como de liberdade. Não se tem de rezar a algum Deus, encontrar um sacerdote, para libertar a si mesmo, mas apenas descobrir o que está profundamente no interior. O Bhagavad Gita fala do homem estável, que não é dependente, porque as circunstâncias não têm poder sobre ele. Isto é o que todos os seres humanos têm de aprender. Pela ativa vigilância, a pessoa cessa de ser vítima das condições e torna-se uma fonte de energia espiritual.

Autor: Radha Burnier - Presidente Internacional da Sociedade Teosófica

domingo, 15 de janeiro de 2012


Vamos refletir sobre a linda letra da música.

Caçador de Mim
Milton Nascimento

Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Uma reflexão sobre oráculos

Aproveitando o clima de Ano Novo quero dividir com vocês um tema bem pertinente a essa época. Nas últimas três semanas amigos, principalmente os jornalistas, têm me perguntado por questão profissonal ou apenas curiosidade qual é o orixá que vai reger 2012 ou sobre rituais para a passagem de ano. É um assunto sobre o qual tenho muito cautela na hora de responder e já digo porquê.

Uma certa feita fui procurada por um colega que queria que eu indicasse um terreiro de candomblé para onde seriam levadas três bandas de música em início de carreira para que fossem feitas previsões com o uso de búzios sobre as suas possibilidades de sucesso. No final do ano, iríamos checar se as previsões se concretizaram.

Eu, gentilmente, lhe respondi que as sacerdotisas e sacerdotes que conheço jamais iriam aceitar uma proposta como essa. Ele me disse que entendia, mas notei que ficou um pouco insatisfeito.

Por isso, estava com muita vontade de dividir esse tema com vocês, afinal tem muita gente de candomblé que acompanha esse blog.

Lembro que há alguns anos fiz uma matéria para o jornal A TARDE a pedido de sacerdotisas e sacerdotes de candomblé que estavam preocupados exatamente com o que chamam de “banalização” de oráculos como o jogo de búzios.

Para alguns deles, é incômodo ver as famosas previsões nas mais variadas mídias sobre possíveis catástrofes, resultados econômicos e, principalmente, a vida pessoal de celebridades.

O tata de inquice, Anselmo dos Santos, do Terreiro Mokambo me contou que foi convidado pela produção de um telejornal local para jogar os seus búzios e responder se o Bahia e o Vitória iriam voltar para a primeira divisão do campeonato de futebol nacional. Sua resposta foi a seguinte:

“Meus búzios são coisa muita séria para responder sobre futebol. Agora se vocês quiserem me chamar para falar em um matéria sobre a importância deles na nossa religião e o seu sentido estou à disposição”. A proposta,curiosamente, não foi aceita.

Pai Air José, babalorixá do Pilão de Prata também tem uma posição parecida. Tataraneto do celébre Bamboxé Obitikó e oluô (sacerdote de Ifá) por herança e vocação, ele me deu uma longa entrevista para um matéria sobre a importância do oráculo e explicava que não poderia falar sobre o que ia acontecer com o então presidente Lula se ele não estava à sua frente na hora do jogo consultivo.

O sábio professor e religioso do candomblé Jaime Sodré gosta de lembrar que embora a expressão conhecida seja “jogo de búzios” na verdade eles fazem a confirmação do que a alta sacerdotisa ou alto sacerdote, preparado para esta ação, enxerga com a sua clarividência, uma virtude que não é compartilhada por todo mundo.

Sobre o orixá que vai reinar lembro que Pai Air me disse que só dá para saber sobre uma coisa que começou, ou seja, no primeiro dia de um novo ano. Para muitas comunidades religiosas, o reinado da divindade se refere ao seu território específico, ou seja, seu terreiro, daí que os seus líderes se reservam ao silêncio quando procurados para entrevistas a meios de comunicação sobre qual orixá vai reinar no ano.

Comecei a observar que muitas vezes os jornais, revistas e TVs fazem matérias com base num cálculo que leva em conta o número em que termina o ano ou o dia da semana em que ele começa para indicar a divindade que vai reinar.

Será que este não é um tema, então, sobre o qual devemos ter cada vez mais cuidado? Afinal, o jogo de búzios e as coisas que eles indicam são uma das coisas mais complexas do candomblé. Pode ser uma boa reflexão para esse novo ano.

Autora: Cleidiana Ramos

Até quando vamos tranferir nossas responsabilidades ao chamado "sobrenatural"? 

domingo, 1 de janeiro de 2012

"DESTRALHE-SE"

- Bom dia, como tá a alegria"? Diz dona Francisca, minha faxineira rezadeira, que acaba de chegar. -Antes de orar pela casa, deixa eu te dar um abraço que preste!" e ela me apertou.
Na matemática de dona Francisca, "quatro abraços por dia dão para sobreviver; oito ajudam a nos manter vivos; 12 fazem a vida prosperar".
Falando nisso, "vida nenhuma prospera se estiver pesada e intoxicada".

Já ouviu falar em toxinas da casa?
Pois são:
- objetos que você não usa,
- roupas que você não gosta ou não usa a um ano,
- coisas feias,
- coisas quebradas, lascadas ou rachadas
- velhas cartas, bilhetes,
- plantas mortas ou doentes,
- recibos/jornais/revistas, antigos,
- remédios vencidos,
- meias velhas, furadas,
- sapatos estragados...

Ufa, que peso!
"O que está fora está dentro e isso afeta a saúde", aprendi com dona Francisca.
- "Saúde é o que interessa. O resto não tem pressa"!, ela diz, enquanto me ajuda a 'destralhar', ou liberar as tralhas da casa...
O 'destralhamento' é a forma mais rápidas de transformar a vida e
ajuda as outras eventuais terapias.

Com o destralhamento:
- A saúde melhora;
- A criatividade cresce;
- Os relacionamentos se aprimoram...

É comum se sentir:
- cansado,
- deprimido,
- desanimado,
em um ambiente cheio de entulho, pois "existem fios invisíveis que nos ligam à tudo aquilo que possuímos".

Outros possíveis efeitos do "acúmulo e da bagunça":
- sentir-se desorganizado;
- fracassado;
- limitado;
- aumento de peso;
- apegado ao passado...

No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecarga;
Na entrada, restringem o fluxo da vida;
Empilhadas no chão, nos puxam para baixo;
Acima de nós, são dores de cabeça;
Sob a cama, poluem o sono.

- "Oito horas, para trabalhar;
Oito horas, para descansar;
Oito horas, para se cuidar."

Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:
- Por que estou guardando isso?
- Será que tem a ver comigo hoje ?
- O que vou sentir ao liberar isto?

...e vá fazendo pilhas separadas...
- Para doar!
- Para jogar fora!

Para destralhar mais:
- livre-se de barulhos,
- das luzes fortes,
- das cores berrantes,
- dos odores químicos,
- dos revestimentos sintéticos...

e também...
- libere mágoas,
- pare de fumar,
- diminua o uso da carne,
- termine projetos inacabados.

"Se deixas sair o que está em ti, o que deixas sair te salvará..
Se não deixas sair o que está em ti, o que não deixas sair te destruirá",
Arremata o mestre Jesus, no evangelho de Tomé.
"Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser impermanente", diz a sabedoria oriental.
O Ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado instante presente.
Dona Francisca me conta que: "as frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tempo"..
a gente deveria de ser assim, ela diz.

-"Destralhar ajuda a adocicar."

Se os sábios concordam, quem sou eu para discordar...
"As pessoas realmente ligadas não precisam de ligação física.
Quando se encontram, ou reencontram, mesmo depois de muitos anos,
a amizade é tão forte quanto sempre." (Deng Ming-Dao )

FELIZ 2012!!!

Texto de Carlos Solano
Email enviado por Edvaldo Cesar