domingo, 19 de janeiro de 2014

Consciência - O Seu Despertar?

"Fala-se muito neste fim de século nos meios já inspirados por um novo paradigma cujas vistas estão voltados para o terceiro milênio do "Desenvolvimento de uma nova consciência"...

Na realidade esta expressão é inadequada pois esta consciência não tem nada de novo, e por conseguinte não há nada para desenvolver.

Quando falamos em Consciência, do ponto de vista holístico, nós nos referimos a um espaço luminoso, cuja característica essencial é ser consciente.

Por isto demos a este artigo o título de "DESPERTAR" e não de "desenvolvimento".

Espaço com conscencial constitui o SER a que muitos nomes de caráter divino se tem dado através dos tempos e das culturas, tais como Jahve, Deus Allah, Brahman, Tao, Natureza de Budha, e assim por diante. Mas recentemente se tem falado em Consciência Cósmica, Consciência, Universal, Espaço primordial, Consciência Transpessoal, Super Consciência, entre outros termos.

Assim sendo esta consciência tem um caráter universal, onipresente, onisciente e onipotente.

Esta consciência, pelo seu caráter de onipresença, se encontra também no ser individual, isto é de cada um de nós sem exceção. É a que chamamos de consciência individual. O termo é também usado como sinônimo de Espírito Universal e Espírito Individual ou mesmo alma Universal e Alma Individual. Por conseguinte, pelo seu caráter esterno ela não é nova.

Por esta razão demos aqui o título de despertar da consciência em vez de desenvolvimento, pois, mesmo no ser humano a consciência esta sempre aí.

Muitos vão perguntar porque não temos acesso a consciência individual, a esta presença em nós, se ela está sempre aí?

Embora sempre presente, ela está velada escondida por uma distorção dela mesma; a nossa mente, que emana dela, tende a criar uma miragem, uma ilusão, a da existência de um eu, separado dela e do mundo que se torna percebido como exterior. Cria-se então o que se chama de filosofia, a dualidade sujeito-objeto.

Esta dualidade gera por sua vez o apego ou a rejeição de coisas, pessoas ou idéias que nos causam respectivamente prazer ou dor. Isto leva ao estresse, à doença, ao sofrimento, reforçando então o distanciamento da consciência.

Podemos sair deste círculo vicioso e recobrar a consciência?

A resposta é positiva. Sim, podemos despertar deste estado de sonolência. Como? Principalmente através da meditação. Esta consiste em sentar, em posição de coluna ereta, sem rigidez; concentrando-se sobre a respiração deixa-se os pensamentos aquietar-se, até aparecer o espaço consciencial, até despertar a plena consciência.

A plena consciência é acompanhada de um estado de Paz e de Plenitude e leva a verdadeira Sabedoria e Compaixão por todos os seres ainda no estado de inconsciência."

Autor Pierre Weil
Disponível em: http://www.pierreweil.pro.br/Brazil.htm

domingo, 5 de janeiro de 2014

O Olhar Integral

No coração da sombra existe a luz. E no coração da luz existe a sombra.
A experiência do ser é a experiência do círculo que mantém os dois juntos.
O momento de repouso que fazemos é semelhante à nossa respiração.
O inspirar e o expirar é uma não-dualidade. Se só inspiramos, sufocamos, se só expiramos, morremos.

O sopro contem a inspiração e a expiração e o que é verdadeiro em nossa vida fisiológica é também verdadeiro em nossa vida psicológica.

Tornar-se adulto é passar da idade dos contrários para a idade do complementar, para um outro modo de olhar as coisas. Se alguém diz algo contrário ao que penso e sou capaz de entender esse contrário como complementar, vou crescer em consciência e em compreensão. Se em vez de rejeitar ou negar alguns elementos de minha vida obscura, sou capaz de acolhê-los, torna-me-ei mais inteiro.

A sombra é o que dá relevo à luz.

Quando amamos alguém, um dos sinais de amor verdadeiro é que amamos os seus defeitos. É fácil amar os defeitos de nossos filhos. É difícil amar os defeitos dos adultos ou de nossos cônjuges.

Esse amor de que falamos não significa complacência, não é dizer ao outro que me agrada o que ele tem de desagradável, pois isso seria mentira e hipocrisia.

O amor de que falamos é dar ao outro o direito de ser diferente. É dar a ele o direito de experimentar sua liberdade. De experimentar em mim mesmo esta capacidade de amar o que é amável e de amar, também, o que não é amável. Dessa maneira passaremos, de uma vida submissa para uma vida escolhida.

Nossa vida vale pelo olhar que é posto nela. Os olhares de juiz nos enchem de culpa. Há olhares benevolentes, misericordiosos e ao mesmo tempo, justos. Precisamos desses olhares porque todos nós temos necessidade de verdade e de sermos amados. Por vezes, os olhares que encontramos são muito amorosos, muito doces, mas falta a eles a exigência desta verdade.

Outras vezes, os olhares que se colocam sobre nós são plenos de verdade e justiça, mas falta a eles a misericórdia e o amor.

Há um olhar integral do qual temos necessidade a fim de nos vermos tal e qual somos. Porque a verdade sem amor é inquisição e o amor sem verdade é permissividade.

Estas são reflexões gerais e cada um pode entrar em particularidades que lhes são próprias, sentindo se existe em sua vida alguém que pode suportar sua sombra sem julgá-la, apesar de não se mostrar complacente com ela.

Creio que todos nós temos a necessidade, pelo menos uma vez em nossas vidas, de um tal olhar pousado sobre nós.

Nesse momento não teremos mais necessidade de mentir, de nos iludirmos, de usarmos máscaras.

Podemos mostrar nossa verdadeira face, nosso verdadeiro corpo, com seus desejos e seus medos.

Podemos mostrar nossa verdadeira inteligência com seus conhecimentos e suas ignorâncias.

Mostrar-se com o coração verdadeiro, capaz de muita ternura e também capaz de dureza e indiferença.

Mostrar-se como não-perfeito, mas aperfeiçoável.

Sob este olhar nossa vida pode crescer. Porque o olhar que nos julga e nos aprisiona em uma imagem faz-nos ficar parados, enquanto que o outro olhar nos impulsiona a dar um passo adiante desta imagem que os outros têm de nós."

Autor: Jean Yves Leloup em "Além da Luz e da Sombra"
Disponível em: http://ventosdepaz.blogspot.com.br/2013/04/o-olhar-integral-jean-yves-leloup.html