domingo, 24 de julho de 2011

Mudar

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama... depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros,
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor. A nova vida.
Tente.
Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas. Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Repita por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!!

Autor: Edson Marques


Estamos dispostos a promover as nossas mudanças?

domingo, 17 de julho de 2011

Constatações

Deus costuma usar a solidão para nos ensinar sobre a convivência.

Às vezes, usa a raiva, para que possamos compreender o infinito valor da paz.

Outras vezes usa o tédio, quando quer nos mostrar a importância da aventura e do abandono.

Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar sobre a responsabilidade do que dizemos.

Às vezes usa o cansaço, para que possamos compreender o valor do despertar.


Outras vezes usa doença, quando quer nos mostrar a importância da saúde.

Deus costuma usar o fogo, para nos ensinar sobre água.

Às vezes, usa a terra, para que possamos compreender o valor do ar.

Outras vezes usa a morte, quando quer nos mostrar a importância da vida.

Autor: Fernando Pessoa
Conseguem perceber a presença de Deus em suas vidas?

domingo, 10 de julho de 2011

Campanha de doação de abraços!

Inspirado em um cidadão australiano que pratica nas ruas do seu país a distribuição de um bem, quero convidar a todos para aderir a um movimento que acredito trará benefícios a quem doa e a quem recebe. Vamos doar abraços!!
Aquele que quiser aderir deverá seguir as instruções abaixo:

1. A meta é a doação diária de, no mínimo, cinco abraços;

2. Cada abraço deve durar, pelo menos, três segundos;

3. Todo abraço deve ser acompanhado de uma palavra amiga (paz, saúde, amor, felicidades...);

4. Não pode ser aquele abraço lateral. Tem que encostar os corações;

5. Os abraços não são cumulativos. Se você deu seis, sete, ou quinze abraços hoje, sua meta para amanhã continua sendo os cinco abraços iniciais;

6. Quem quiser pode alterar a sua meta diária (desde que seja para mais de cinco);

7. Nunca devemos recusar o abraço de alguém;

A intenção da campanha é uma aproximação maior entre as pessoas tentando fazer uma sociedade um pouco mais fraterna. 
Podemos começar agora?

domingo, 3 de julho de 2011

Comunicação Saudável

Nossa tendência em apreciar, avaliar e julgar, expressando aprovação ou desaprovação às afirmações, posturas e condutas das pessoas ou grupos, é percebida por alguns estudiosos como o maior entrave às comunicações interpessoais. Esta tendência intensifica-se na medida em que o assunto mobiliza emoções e sentimentos não idênticos; assim, a presença destes elementos reduz a possibilidade de haver uma plena comunicação, pois haverá dois juízos de valor, cada um originário de um quadro de referência psicológico, o que os torna impossíveis de serem partilhados.

Esta percepção pode ser confirmada na experiência comum, quando um observador não envolvido emocionalmente assiste a uma acalorada discussão. Sua conclusão mais frequente é de que os discutidores não estão falando sobre o mesmo assunto, ou apenas estão tomados por preconceitos. Neste caso, há uma luta centrada em pontos de vista, nenhuma escuta, e portanto, falta uma autêntica comunicação.

Para que possa ocorrer uma verdadeira comunicação é preciso ouvir com compreensão, o que equivale a realizar a árdua tarefa de perceber a idéia e a atitude expressas dentro da moldura psicológica do seu interlocutor. Tal habilidade, que pode ser construída ou aperfeiçoada, sabe-se psicologicamente, tem um imenso poder de auxílio. À medida que apreendemos do discurso de alguém, aquilo que o gerou – medo, entusiasmo, preconceito, pensamento integrativo, mágoa, satisfação, e assim por diante – e identificamos o seu significado, nosso contato adquire características terapêuticas e educacionais com alta resolutividade.

Um exercício prático recomendado é ficar atento a si mesmo, e, antes de entrar num clima de discussão ao ouvir opiniões, repetir com suas próprias palavras aquilo que ouviu do seu interlocutor e indagar se era exatamente o que foi dito, e só emitir o seu ponto de vista, após a aprovação do outro. Esta atitude reduzirá muito os desencontros da comunicação e possibilitará uma real percepção das semelhanças e diferenças de pensamentos e sentimentos.

Para executar tal exercício, é preciso coragem, pois ao entrarmos no mundo intimo do outro e perceber a vida por sua, corremos o risco de nós próprios mudarmos e, para a maioria de nós, isto parece ameaçador e desestruturante.

Em nossas comunicações, tendemos a preservar a nossa mundividência, - crenças, valores e afetos nela incluídos – e adotamos condutas cem por cento defensivas. Assim, transformamos a nossa realidade pessoal em universal e egocentricamente nos posicionamos como se os outros estivesse totalmente equivocados. Um modelo extremo deste jeito de ser foi bem exemplificado na frase: existem dois grupos de pessoas, o que concorda comigo e o que está errado.

Para tornar uma comunicação mais saudável, é preciso fazer corresponder cada vez mais refinadamente a experiência, a consciência e a comunicação. A esta correspondência, os psicólogos humanistas denominam congruência. Isto pode ser percebido observando-se uma criança recém-nascida com fome. Ela comporta-se integradamente de tal forma que se torna transparente, verdadeira, unificada e idêntica no nível fisiológico, na consciência e na comunicação. Um exemplo oposto é o adulto de rosto congesto, tom de voz irritado, que categoricamente afirma estar calmo, limitando-se a apresentar a lógica e os fatos pertinentes. Se ele estiver sendo verdadeiro em sua fala, demonstra que sua consciência não apreende sua emoção no nível visceral. Se ele estiver sendo falso, significa que há incoerência entre a experiência e a comunicação. Esta contradição entre o verbal e o não-verbal dá margem a leituras contraditórias da mensagem ou discurso e enormes dificuldades nas relações interpessoais.

Um outro aspecto fundamental na comunicação decorre da necessidade humana de aceitação tal como se é, e da confiança ou desconfiança em uma relação. De um modo geral, nós hesitamos em nos mostrar como estamos intimamente, pois tememos a rejeição, a desaprovação e a constatação do não pertencimento ao grupo. Assim, nos acautelamos em nossa comunicação e possibilitamos a existência demais um alto grau de incongruência em nossa existência relacional.

À medida que tomamos consciência do que realmente somos, além dos estágios de desenvolvimento em que nos encontramos, nos tornamos mais autônomos psicologicamente e construímos uma mundividência cosmocentrada, nossa segurança e liberdade crescem e nossa coerência entre o sentir, o pensar e o falar se ampliam, permitindo-nos expressar-nos com mais autenticidade.
Uma variável relevante na comunicação é a prevalência de uma determinada função psíquica, que determina a existência de dois tipos psicológicos. O tipo intuitivo sentirá dificuldade em apreender o modus operandi do tipo sensação e vice-versa. O tipo pensamento, por sua vez, poderá se confundir com as expressões do tipo sentimento e vice-versa. O conhecimento e o exercício depercepção do outro auxiliarão a minimizar tais barreiras da comunicação.

Uma outra observação relevante no processo da comunicação é a constatação que estamos em níveis evolutivos de consciência hierarquicamente diferentes. Assim, é possível entender que o sábio compreenderá, mas não será compreendido pelo ignorante; o pacífico entenderá o guerreiro, mas não encontrará reciprocidade; o gênio apreenderá o mundo do medíocre, mas será isolado pelo mesmo, e assim sucessivamente.

Tais constatações nos permitem afirmar que ainda estamos distantes da autêntica comunicação. Educar-se para vivê-la faz parte das metas evolutivas de quem pretenda conhecer a plenitude.

Autor: André Luiz Peixinho
Texto publicado no Jornal À Tarde de 29/05/2011