Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completo quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doido.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Texto: Clarice Lispector
Colaboração: Jorge Amaral (muito obrigado, Jorge!)
Será que a eterna busca pelo entendimento das coisas, às vezes, não pode nos aprisionar aos velhos paradigmas? O que acham?
Concordo... as vezes fico intrigado com a origem do sofrimento. Penso... terá um fim?
ResponderExcluirMas fico feliz em saber que as vezes o sofrimento, eleva o meu raciocino para um outro patamar. Então vejo que lições foram aprendidas, pensamentos modificados. Isso gera uma felicidade inexplicável.
Retificando o "concordo" : Eu acho que a eterna busca do pensamento pode nos aprisionar aos velhos paradigmas. Isso é claro, se ficarmos presos a decepção quando não encontramos todas as respostas que queremos.
ResponderExcluirEu sempre fiquei intrigada com esse pensamento da Clarice, da qual sou fá incondicional. Mas, acho que consigo, hoje, dar sentido a essa mensagem, em mim. Penso que a cultura ocidental não nos estimula ao não entendimento. Estar no não entendimento é estar em algum outro lugar que não é na dimensão do pensamento, da lógica cartesiana que tudo explica. Talvez seja um lugar recheado pela confiança, pela esperança, pela fé, que só será sentida se percebermos a sutil diferença do não entendimento que se sustentta na fé daquele outro que nos leva à angústia. Ivan, tb fui desse mesmo centro. À época Angelica era a presidente. Se puder, diz que mando muitos beijos, todos cheios de saudades. Obrigada. Abs
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