Por conta da nossa forma equivocada
de exploração daquilo que a natureza nos proporciona, temos discutido intensamente,
com muita necessidade, acerca da utilização sustentável dos recursos naturais,
a chamada sustentabilidade que, segundo o dicionário, refere-se à qualidade ou
condição daquilo que tem condições de se sustentar, se conservar ou se manter
(1).
Descuidamos dos nossos recursos
hídricos, desmatamos as nossas florestas, consumimos mais alimentos do que
precisamos, enquanto outros não têm sequer o que comer. Por todos esses motivos,
faz-se necessária essa preocupação atual com o futuro do nosso planeta. O Livro
dos Espíritos, na sua terceira parte, toca no assunto quando fala nas leis de
conservação e de destruição.
Concordando com a temática e,
aproveitando a utilização do termo, acredito que há recursos - talvez os mais
importantes deles – aos quais precisamos dar maior atenção a sua sustentação e
conservação. São estes os chamados recursos espirituais. Assim, que tal
falarmos sobre a sustentabilidade espiritual?
Sustentabilidade Espiritual
significa a sua forma de manter, de conservar, depois de adquirida essa
consciência, a sua interação espiritual com as forças universais onde estamos
todos inseridos. Significa a sua interação inteligente com os potenciais
divinos dos quais somos portadores, a percepção de que somos espíritos imortais
que prosseguem e não um ser material que um dia deixará de existir.
Com a sustentabilidade espiritual
vamos tratar dos recursos éticos e morais que forçosamente formarão os recursos
espirituais. Recursos esses inesgotáveis, mas que precisam ser vivenciados com
sabedoria, discernimento e muito trabalho para que possam ser aproveitados em
toda a sua plenitude.
Estamos prontos para a espiritualidade?
Claro que sim, afinal somos espíritos! Alguém pode responder: mas será que nos
lembramos disso em todas as nossas atitudes diárias conosco, com o próximo e
com Deus? Será que aproveitando essa compreensão espiritual da vida estamos
buscando ser os homens de bem?
Neste momento de sérias
modificações planetárias, precisamos estar despertos para a importância da
educação moral, e não só da intelectual. Precisamos nos empenhar nos valores
éticos de cada sociedade, mas, sobretudo, na ética cristã, termos que, apesar
de bastante falados e debatidos desde sempre, necessariamente não são
vivenciados como deveriam, diante de todos os exemplos dos grandes avatares que
temos conhecimento nas mais diversas religiões.
Desde sempre se discute a melhor
forma de nos melhorarmos e a resposta, forçosamente, remete-nos a lembrança da
velha instrução do Delfos (2). O que fizemos até o momento? Muita
coisa mudou, é bem verdade, mas acredito que podemos fazer muito mais do que foi
feito até agora.
Ética e moral não são valores
objetivos; variam de acordo com cada agrupamento social e momento histórico,
mas quando se fala em espiritualidade, a coisa muda de figura, sendo imutável
com o passar dos séculos. Sustentamos aquilo que acreditamos? Você acredita em
Deus ou tem certeza de Deus? Acreditamos na frase do Mestre Nazareno: “vós sois
deuses (3)”? O que falta para colocar toda essa potencialidade
divina pra fora, ajudando a nós e aos que nos circundam, encarnados ou não?
Não devemos esquecer de que tudo
o que discutimos deve ser embasado em requisitos inabaláveis, assim como a fé
que deve deixar de ser cega para ser raciocinada, pelo simples fato que só o
que é raciocinado sobrevive ao tempo e as intempéries.
Pensemos com carinho e esforcemo-nos
para colocar em prática tudo o que falamos, a fim de não nos tornamos profetas
das palavras mortas, esvaziadas no sentido e na significância.
Na sua passagem pela Terra, Jesus
conduziu-nos por um caminho seguro de encontro à Divindade, sustentando a nossa
espiritualidade nos valores integrais do ser, herdeiros de Deus. Acreditemos
nisso hoje e sempre.
Sustentar o espírito é estar fortalecido em valores
inquestionáveis em qualquer tempo e qualquer sociedade, encarando todos os
problemas da matéria com a certeza do amanhã diferente e da regeneração que nos
espera.
Uma proposta: trabalhemos a
sustentabilidade espiritual em nós, e naqueles que estão ao nosso redor, de
forma tranquila, segura e verdadeira e vamos ver, com o passar do tempo, que
todas as outras formas de aproveitamento sustentável dos recursos naturais
serão cumpridas por acréscimo. Aceitam o desafio?
(1) Dicionário Priberam: www.priberam.pt
(2) Oráculo onde os gregos colocavam questões aos deuses
(3) João 10:34 / Salmo 82:6
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