domingo, 18 de agosto de 2013

A quem interessar possa...

“Tudo é lícito, mas nem tudo convém”.
Paulo – 1 Coríntios.

Classifico como interessantes alguns chamados que nós palestrantes (oradores, tribunos e afins) espíritas recebemos para realizações de trabalhos em algumas casas – poucas, é bem verdade – que têm uma forma sui generis de conduzir as suas tarefas. Refiro-me ao incômodo que sinto nos convites feitos pelas instituições do tipo citado anteriormente: parece que querem um robô repetidor de palavras, uma espécie de marionete.
Algumas vezes recebemos e-mails ou telefonemas que, além dos convites, trazem instruções para que sigamos o material de pesquisa disponibilizado, tendo o cuidado de não fugir um milímetro. Enviam, outras vezes, a palestra praticamente pronta, sob o pretexto ora intrínseco, ora declarado de não correr o risco de ser abordado aquilo que “o público” não se interessa em ouvir.
Penso eu, alguém me corrija se estiver equivocado, que quando somos gentilmente convocados por estas instituições é por dois motivos básicos: ou trata-se de um teste para saber se o nosso conteúdo é condizente com os postulados da doutrina kardequiana; ou é pelo fato de já terem nos assistido anteriormente e, de alguma forma, comprovarem que já apresentamos condições para falar nesta ou naquela casa.
Nós, palestrantes, intimoratos que sobem nos palanques da vida sabendo estarmos propensos a todo tipo de julgamento (construtivos ou maldosos), devemos estar sempre muito agradecidos com tais oportunidades. Não podemos esquecer que os maiores beneficiados, antes dos que escutam, são os que falam, justamente pelo fato de termos a preocupação e o bom senso de pesquisar, estudar, ler, reler o trabalho proposto até que estejamos prontos para o desiderato cristão. Pelo menos é o que se espera daqueles responsáveis com a tarefa de divulgação do Espiritismo.
Peço perdão aos que, por algum motivo, se ofenderem – natural em nós, criaturas humanas frágeis – contudo sinto-me, verdadeiramente, invadido por esse tipo de conduta.
Aos dirigentes, diretores, coordenadores, consultores, etc., doutrinários (função que exerci com muita honra e gratidão durante dois anos no Centro Espírita Lar João Batista[i]) solicito um pouco mais de cuidado e, por que não dizer, respeito com quem convida para as reuniões doutrinárias.
Acredito ser absolutamente lícita a preocupação com o que se é propagado em nome do Espiritismo, inclusive por perceber que alguns de nós, de forma leviana e personalista, incluímos no trabalho conceitos outros que fogem da proposta da doutrina, mas seria conveniente?
O departamento doutrinário, para quem ainda não percebeu, é o mais importante de uma instituição espírita comprometida com a mensagem consoladora que nos cabe, mas chegar ao ponto de orientar que seja feito assim ou assado, que seja dito isto ou aquilo, é realmente demais para mim. Fico imaginando qual será o próximo passo... Seria dizer a roupa que devemos nos apresentar? Oremos!
Não nos esqueçamos de Leon Denis quando afirmou num passado não muito distante: “O Espiritismo será o que dele fizerem os homens”[ii]. Reflitamos sobre o que estamos fazendo da Doutrina Consoladora.

Abraços fraternais.

Ivan Cézar



[i] Instituição Espírita fundada em 1980 sediada em Salvador
[ii] No Invisível – Página 08

Um comentário:

  1. Só Jesus na causa (e na casa!), vc diria? Boa reflexão.
    Mas vamos em frente, que a causa é do Cristo.
    Abração.

    Chico Muniz

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