domingo, 5 de setembro de 2010

UMA CRISE ABENÇOADA: A CRISE DA CRISÁLIDA

Nós vivemos uma crise abençoada, é uma crise que nos desperta, graças a Deus e graças à dor. A crise tem uma dimensão instrutiva e é, sempre, uma oportunidade de aprendizagem, de evolução, de crescimento. Somos muito privilegiados porque essa é uma grande crise, talvez uma crise sem precedentes na história da humanidade conhecida. Eu não sei se vocês têm agradecido todos os dias por existir nesse momento: é um momento de passagem e aquilo que para algumas pessoas distraídas é a morte da lagarta, para as pessoas mais atentas é o nascimento da borboleta e é, por isso, que eu gosto de denominar essa crise de Crise da Crisálida. E, como diz um grande amigo e mestre, Jean Yves Leloup, “não é esmagando a lagarta que faremos nascer a borboleta”. Nós somos transeuntes, passageiros de um tempo de transmutação, transmutação consciencial, transmutação dos nossos valores, dos nossos conceitos e das nossas atitudes. E todos nós somos convocados para ser aquilo que nós somos. Todos somos líderes natos; todas as pessoas que eu conheci na minha existência, todas, foram e são líderes. (...) Vivemos um tempo absurdo, onde perdemos a escuta. Alguém perguntou a um índio de 101 anos, um Xamã, um Pajé americano:

- O que você faz? Ele disse:

- Eu ensino meu povo.

- O que você ensina?

- Quatro coisas, ele respondeu: Primeiro, a escutar;

- Segundo: que tudo está ligado com tudo;

- Terceiro: que tudo está em transformação;

- Quarto: que a terra não é nossa, nós é quem somos da terra.

Tudo começa pela escuta. Se você não tem escuta, a crise o que é? É um azar! E você vai sucumbir porque a única crise intolerável é aquela para a qual você não tem nenhum sentido para dar; é aquela que você não interpretou e para interpretar é preciso ter uma escuta. Quando Salomão podia ter pedido tudo, ele pediu um coração que escuta e tudo o mais lhe foi acrescentado. “Eu ensino meu povo a escutar”. As escolas deixaram de ensinar os alunos/aprendizes a escutar. Isso é triste! Nestes tempos sombrios que nós vivemos, talvez esse seja o lado pelo menos que mais me leva a indignar e, também, a chorar: saber que um pé de alface em qualquer horta é melhor tratado do que os meus filhos, os seus filhos estão sendo tratados nas escolas. Você pode imaginar um horticultor exigindo de todos os seus organismos vegetais o mesmo desempenho? Você pode imaginar um horticultor comparar um tomate com um pepino e desejar que um seja como o outro, apresente o mesmo resultado? Vocês podem imaginar um jardineiro exigir de todos os organismos da biodiversidade de um jardim o mesmo currículo? Isso é um absurdo. Vocês percebem onde nós jogamos na lata de lixo nosso potencial inato de liderança, de maestria? ( ...) O grande problema nesse momento é o que nós na UNIPAZ chamamos de normose.

CREMA, Roberto. Novo milênio, nova consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador.

Concordam com Roberto Crema? Podemos discutir um pouco sobre o assunto?

7 comentários:

  1. Penso que a grande questão é a nossa falta de percepção das mudanças que estão acontecendo.
    Realmente, como afirma Crema, devemos agradecer todos os dias por estarmos vivenciando este momento de mudança da frequência do planeta e, se o interesse é progredir, aproveitar a passagem da charrete e acompanhar o grande comboio de luz.

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  3. De fato, Crema tem razão quando nos alerta que "...perdemos a escuta...", e isso me faz lembrar o que diz Rubem Alves: "(...) Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de ESCUTATÓRIA. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a OUVIR. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular (...)".

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  4. "aquilo que para algumas pessoas distraídas é a morte da lagarta, para as pessoas mais atentas é o nascimento da borboleta..."
    Quando entendermos que nunca existe fim, mais sim recomeço, um grande avanço daremos.
    Nos ocidentais aprendemos apenas a técnica do monólogo. A exemplo as orações onde falamos muito e nunca paramos para esperar as respostas. Fora que temos a mania do imediatismo, queremos que as coisas aconteçam rápido, esquecendo que para a Natureza não conta tempo.

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  5. Pois é, Geovani...
    É o nosso momento de romper o casulo, deixar de ser lagarta e se transformar em borboleta!

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  6. Eu assiti de novo o filme "Cruzada" e tem algumas falas que eu gosto demais. Uma delas é quando o amigo do pai de Balian o alerta a respeito de bondade, justiça, religião. São pensamentos que estão em consonância com o que prega meu querido Leonardo Boff. De nada adianta teorizar "sobre" se a nossa prática diária se distancia do que teorizamos. A transformação na borboleta, para mim, passa por aí. E a transformação é resultante de uma consciência ampliada que se torna capaz de integrar dimensões e, por isso, nos permite responder aos estímulos da vida de forma mais humanizada e menos narcisica. Abs a todos.

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  7. Gratidão por este post, irmão-LUZ!!!
    Postei no meu blog tb, amo muito esse tema e especialmente esse olhar luminoso do Crema sobre a ESCUTA.
    :)

    Abraços fraternos,
    Daniel

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