domingo, 30 de dezembro de 2012

Renovação em Amor


"E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem”. - PAULO (II Tessalonicenses, 3:13.).

Quando as crises te visitem, ante os problemas humanos, é justo medites nos princípios de causa e efeito, tanto quanto é natural reflitas no impositivo de burilamento espiritual, com que somos defrontados, entretanto, pensa igualmente na lei de renovação, capaz de trazer-nos prodígios de paz e vitória sobre nós mesmos, se nos decidimos a aceitar, construtivamente, as experiências que se nos façam precisas.

Se atingiste a integração profunda com as bênçãos da vida, considera a tarefa que a Divina Providência te confiou.

Deus não nos envia problemas de que não estejamos necessitados.

Aceitação e paciência, sem fuga ao trabalho, são quase sempre a metade do êxito em qualquer teste a que estejamos submetidos, em nosso proveito próprio.

Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer.

O amor que estejamos acrescentando à obrigação que nos cabe cumprir, é sempre plantação de felicidade para nós mesmos.

Onde estiveres e como estiveres, nas áreas da dificuldade, dá-te à serenidade e ao espírito de serviço e entenderás, com facilidade, que o amor cobre realmente a multidão de nossas faltas, apressando, em nosso favor, a desejada conquista de paz e libertação.

Chico Xavier e Emmanuel - Livro: Ceifa de Luz

domingo, 23 de dezembro de 2012

Elegia do Natal


Antes dEle tudo eram sombras de ignorância, de astúcia e de perversidade.

O ser humano encontrava-se reduzido à condição de hilota, estorcegando em sofrimentos inimagináveis.

O predomínio da força trabalhava em favor da hediondez e do crime, enquanto os valores éticos permaneciam desconhecidos, e quando identificados, alguns, eram totalmente desrespeitados.

Nunca faltaram, porém, no planeta terrestre, as presenças dos Espíritos nobres que desceram às escuras paisagens para acender a luz do discernimento e oferecer as diretrizes da justiça.

Orgulhosos, aqueles que foram seus contemporâneos, fizeram-se surdos e cegos às suas mensagens., permanecendo iludidos pela prepotência, preferindo esmagar os povos que encontravam pela frente, sem qualquer sentimento de humanidade ou de compaixão...

Os carros da guerra espalhavam o horror, enquanto a fome e a hediondez campeavam à solta, esmagando vidas que não dispunham de oportunidade de desenvolver-se.

A juventude louçã e as arbitrárias condições em que alguns indivíduos se encontravam, deles faziam títeres e condutores insanos das massas quase asselvajadas.

É certo que floresceram também a filosofia, as artes, o espiritualismo e as musas desceram várias vezes do Olimpo de cada povo, cantando a beleza, a sabedoria, a bondade, e vez que outra, o amor...

Generalizada a opressão, a sociedade podia ser dividida em apenas três grupos: vencidos, vencedores e não conquistados...

As condições de primarismo então vigentes, tornavam a existência humana de breve curso, durante o qual se deveria fruir de todos os prazeres imagináveis, custassem todo e qualquer sacrifício exigido.

Honra e dignidade valiam o preço da vergonha.

Havia, sim, exceções, que constituíam oásis morais de esperança, no imenso deserto dos sentimentos.

As gerações sucediam-se enganadas e enganadoras, como contínuas camadas de areia sopradas pelos ventos ardentes dos tempos de desespero.

Foi nesse cenário moral torpe, embora a magia encantadora da Natureza, que Jesus nasceu.

*

A Sua chegada à Terra, precedida pelos cânticos sinfônicos dos seres angélicos e dos mensageiros da paz, criou uma psicosfera até então desconhecida, iniciando-se um período especial para a sociedade.

Espontâneo como as aragens perfumadas do amanhecer, Ele chegou suavemente e se instalou nos corações.

Nobre como uma labareda crepitante, Ele deu início ao incêndio que faria arder as construções do mal.

Gentil como o sorriso das flores, derramou claridades diamantinas, vencendo a escuridão vigente.

Bom como um favo de mel., adoçou as vidas que defrontou pelos caminhos, que passaram a cultivar a bondade e o amor em Sua Memória.

Terno como a esperança, enriqueceu de alegria todos aqueles que se Lhe acercaram.

O Seu Natal é o poema de alegria que vem dos Céus na direção da Terra atormentada, tornando-se um hino de perene beleza, que se sobrepõe à algazarra da zombaria e à balbúrdia do sofrimento...

Ninguém, que jamais se Lhe equipare, na forma como veio e na maneira como permaneceu no meio da estúrdia e perturbada multidão.

A música dos seres celestes na Sua noite, assinalou com insuperável sonoridade o planeta.

É verdade que, depois dEle, ainda permaneceram idênticas paisagens morais no mundo...

A diferença, porém, consiste no conhecimento que Ele propiciou para que todos aqueles que desejem vida, tenham-na em abundância.

Alargou as fronteiras da vida para além da morte e fez-se ponte para vencer o aparente abismo existente, facultando a conquista da plenitude.

O Natal de Jesus, é, desse modo, o momento culminante dos esponsais do ser humano com a Consciência Cósmica.

A partir dessa ocasião sublime, a criatura humana passou a dispor dos equipamentos e recursos específicos para a aquisição da felicidade, em qualquer situação em que se encontre.

Já não lhe devem importar em demasia as coisas, a aparência, os apetrechos que ficam ao lado da disjunção cadavérica, mas os tesouros inapreciados, que são os sentimentos edificantes, os pensamentos ditosos, as ações amorosas.

Neste Natal, canta uma elegia de amor a Jesus, celebrando-Lhe o aniversário com a tua transformação moral para melhor, mantendo a tua aliança com Ele e levando-O em forma de bondade e de misericórdia a todos aqueles que cambaleiam nas sombras da dor, da revolta e do esquecimento social...

Comemora, pois, o teu Natal, de forma diferente, recordando-te da singela manjedoura que se transformou com Ele em um palácio sideral.

Joanna de Ângelis

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

ALMAS-PROBLEMA


A pessoa-problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é desconhecida...

O filhinho-dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu lado por primeira vez.

O ancião-renitente que te parece um pesadelo contínuo, exaurindo-te as forças, não é encontro fortuito na tua marcha...

O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é resultado do acaso que te leva a desfrutar da convivência dolorosa.

Todos eles provêm do teu passado espiritual.

Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a resgatar injunção penosa. Mas tu também.

Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros predisponentes, que induzem e levam ao abismo.

Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do mundo. Não, porém, da consciência, nem das Soberanas Leis.

Renascem em circunstâncias e tempos diferentes, todavia, volvem a encontrar-se, seja na consanguinidade, através da parentela corporal, ou mediante a espiritual, na grande família humana, tornando o caminho das reparações e compensações indispensáveis.

Não te rebeles contra o impositivo da dor, seja como se te apresente.

Aqui, é o companheiro que se transforma em áspero adversário; ali, é o filhinho rebelde, ora portador de enfermidade desgastante; acolá, é o familiar vitimado pela arteriosclerose tormentosa; mais adiante, é alguém dominado pela loucura, e que chegam à economia da tua vida depauperando os teus cofres de recursos múltiplos.

Surgem momentos em que desejas que eles partam da Terra, a fim de que repouses...

Horas soam em que um sentimentos de surda animosidade contra eles te cicia o anelo de ver-te libertado...

Ledo engano!

Só há liberdade real, quando se resgata o débito.

Distância física não constitui impedimento psíquico.

Ausência material não expressa impossibilidade de intercâmbio.

O Espírito é a vida, e enquanto o amor não lene as dores e não lima as arestas das dificuldades, o problema prossegue inalterado.

Arrima-te ao amor e sofre com paciência.

Suporta a alma-problema que se junge a ti e não depereças nos ideais de amparar e prosseguir.

Ama, socorrendo.

Dia nascerá, luminoso, em que, superadas as sombras que impedem a clara visão da vida, compreenderás a grandeza do teu gesto e a felicidade da tua afeição a todos.

O problema toma a dimensão que lhe proporcionas.

Mas o amor, que “cobre a multidão dos pecados” voltado para o bem, resolve todos os problemas e dificuldades, fazendo que vibre, duradoura, a paz por que te afadigas.

(De “Alerta”, de Divaldo P. Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis)

domingo, 9 de dezembro de 2012

Portanto, encarnações do amor!


Todos vocês personificam o amor. Desenvolvam amor cada vez mais. Este é um aspecto da Divindade. Foi em referência a isso que o Senhor Krishna declarou que todos os seres são aspectos de Sua Divindade. Queridos! Vocês não são diferentes de Mim; Eu estou em vocês e vocês em Mim. Assim como Eu os amo, devem amar a todos. Então o seu amor e o Meu se unirão. Se acrescentarem amor ao amor, este crescerá imensamente. Vocês somente podem alcançar a grandeza quando desenvolvem amor. Este é o serviço que devem prestar. Só quando desenvolverem o amor poderão, se tornar merecedores do amor e da graça de Deus. Sathya Sai Baba

domingo, 2 de dezembro de 2012

Os jovens devem trilhar o Caminho Sagrado.


Não há necessidade de o homem procurar por Deus em qualquer parte. Deus está presente em cada um de vocês. O Senhor Krishna declarou na Bhagavad Gita: “O Atma eterno em todos os seres é uma parte do Meu Ser. Todos são aspectos da Minha Divindade”, declarou Ele. Onde, então, procurar por Deus, quando ele está em vocês e com vocês? Qualquer tarefa que realizem considerem-na como trabalho de Deus. Deus abençoou o homem com corpo, mente, intelecto e substância mental. Os jovens são dotados de corpos saudáveis, mentes vigorosas e intelectos aguçados capazes de pensar profundamente, mas estão usando mal tudo isso. Em lugar de pensar em Deus e usar seus órgãos apropriadamente, eles estão utilizando mal seus sentidos. Este é um grande equívoco. Nessa idade, vocês devem dar ao poder do corpo, mente e intelecto o uso apropriado. O que se quer dizer com isso? Significa trilhar o caminho sagrado. Não é simplesmente porque somos dotados de olhos que precisamos observar tudo. Tentem ver tudo que é bom. Não deem ouvidos às críticas alheias ou a tudo que é desnecessário. Escutar as críticas de terceiros e ver aquilo que é ruim é um grande pecado. Nós só absorvemos o mal quando vemos o mal. Não tentamos escutar boas palavras, em vez disso, usamos nossos ouvidos para escutar maledicências. Surdas era cego, mas cantava constantemente o nome de Krishna. Por isso, Krishna lhe deu darshan e satisfação em sua vida. Para que foi que Deus lhe deu sua língua? Foi para desfrutar do sabor de qualquer coisa e para falar mal dos outros? Não, não. Ela existe para cantar as glórias de Deus. Escutar sobre Deus, Cantar sobre Ele, Contemplar o Senhor, Servir aos Seus Pés de Lótus, Saudá-lo, Oferecer adoração a Ele, Ser humilde servidor, Cultivar Sua amizade e Render-se a Ele são modos de culto que podem levar à Realização de Deus se postos em prática. ----- Obs.: NÃO SEI O QUE ACONTECEU COM O BLOGSPOT, MAS NÃO ESTOU CONSEGUINDO POSTAR DA FORMA CORRETA. NÃO TEM COMO COLOCAR PARÁGRAFOS E NEM EDITAR O TEXTO. INFELIZMENTE...

domingo, 25 de novembro de 2012

Penso, logo existo.


De há muito tinha notado que, pelo que respeita à conduta, é necessário algumas vezes seguir como indubitáveis opiniões que sabemos serem muito incertas, (...). Mas, agora que resolvera dedicar-me apenas à descoberta da verdade, pensei que era necessário proceder exatamente ao contrário, e rejeitar, como absolutamente falso, tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não ficaria qualquer coisa nas minhas opiniões que fosse inteiramente indubitável. Assim, porque os nossos sentidos nos enganam algumas vezes, eu quis supor que nada há que seja tal como eles o fazem imaginar. E porque há homens que se enganam ao raciocinar, até nos mais simples temas de geometria, e neles cometem paralogismos, rejeitei como falsas, visto estar sujeito a enganar-me como qualquer outro, todas as razões de que até então me servira nas demonstrações. Finalmente, considerando que os pensamentos que temos quando acordados nos podem ocorrer também quando dormimos, sem que neste caso nenhum seja verdadeiro, resolvi supor que tudo o que até então encontrara acolhimento no meu espírito não era mais verdadeiro que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo em seguida, notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava, necessariamente era alguma coisa. E notando esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos céticos seriam impotentes para a abalar, julguei que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava. René Descartes, in 'Discurso do Método'

domingo, 11 de novembro de 2012

“Interser”

“Se você for um poeta, verá claramente que há uma nuvem flutuando nesta folha de papel. Sem uma nuvem, não haverá chuva; sem chuva, as árvores não podem crescer e, sem árvores, não podemos fazer papel. A nuvem é essencial para que o papel exista. Se ela não estiver aqui, a folha de papel também não pode estar aqui. Logo, nós podemos dizer que a nuvem e o papel intersão. “Interser” é uma palavra que não está no dicionário ainda, mas se combinarmos o prefixo “inter” com o verbo “ser”, teremos este novo verbo “interser”. Sem uma nuvem, não podemos ter papel, assim podemos afirmar que a nuvem e a folha de papel intersão.

Se olharmos ainda mais profundamente para dentro desta folha de papel, nós poderemos ver os raios do sol nela. Se os raios do sol não estiverem lá, a floresta não pode crescer. De fato, nada pode crescer. Nem mesmo nó podemos crescer sem os raios do sol. E assim nós sabemos que os raios do sol também estão nesta folha de papel. O papel e os raios do sol. intersão. E, se continuarmos a olhar, poderemos ver o lenhador que cortou a árvore e a trouxe para ser transformada em papel na fábrica. E vemos o trigo. Nós sabemos que o lenhador não pode existir sem o seu pão diário e, conseqüentemente, o trigo que se tornou seu pão também está nesta folha de papel. E o pai e a mãe do lenhador estão nela também. Quando olhamos desta maneira, vemos que, sem todas estas coisas, esta folha de papel não pode existir.

Olhando ainda mais profundamente, nós podemos ver que nós estamos nesta folha também. Isto não é difícil de ver, porque quando olhamos para uma folha de papel, a folha de papel é parte de nossa percepção. A sua mente está aqui dentro e a minha também. Então podemos dizer que todas as coisas estão aqui dentro desta folha de papel. Você não pode apontar uma única coisa que não esteja aqui- tempo, espaço, a terra, a chuva, os minerais do solo, os raios do sol, a nuvem, o rio, o calor. Tudo coexiste com esta folha de papel. É por isto que eu penso que a palavra interser deveria estar no dicionário. “Ser” é interser. Você simplesmente não pode “ser” por você mesmo, sozinho. Você tem que interser com cada uma das outras coisas. Esta folha de papel é porque tudo o mais é.

Suponha que tentemos retornar um dos elementos à sua fonte. Suponha que nós retornemos ao sol os seus raios. Você acha que esta folha de papel seria possível? Não, sem os raios do sol nada pode existir. E se retornarmos o lenhador à sua mãe, então também não teríamos mais a folha de papel. O fato é que esta folha de papel é constituída de “elementos não-papel”. E se retornarmos estes elementos não-papel às suas fontes, então absolutamente não pode haver papel. Sem os “elementos não-papel”, como a mente, o lenhador, os raios do sol e assim por diante, não existirá papel algum. Tão fina quanto possa ser esta folha de papel, ela contém todas as coisas do universo dentro dela.”

Autor: Thich Nhat Hanh

domingo, 4 de novembro de 2012

Como dar vida às nossas vidas.

Há um antigo ditado japonês:
"Se houver relacionamento, faço; se não houver relacionamento, saio".
Um Mestre Zen, no final do século passado, fez a seguinte alteração:
"Havendo relacionamento, faço; não havendo, crio relacionamento"

Essa mudança de paradigma é extremamente importante. Devemos também lembrar que criar um relacionamento não significa, necessariamente, obter resultados imediatos, embora muitas vezes estes ocorram.

Novos relacionamentos em padrões antigos perdem seu significado. Precisamos criar relacionamentos a partir de novas maneiras de nos relacionar, de ver o mundo, de ser, de inter ser. Essa nova maneira pode, inclusive, recarregar de energia positiva antigos relacionamentos.

Para descobrirmos novas maneiras precisamos, primeiramente desenvolver a capacidade de perceber como estão nossos relacionamentos atuais.

Observe e considere meticulosamente a si mesmo. Perceba como está se relacionando em casa, na rua, no trabalho, no lazer. Perceba como respira, como anda, como toca nos objetos, como usa sua voz, como são seus gestos e como são seus pensamentos e os não pensamentos. Esse observar não deve ser limitante, constrangedor, confinador. Apenas observe. Como você se relaciona com o meio ambiente, biodiversidade, reciclagem, justiça social, melhor qualidade de vida, guerras, violência, terror, paz, harmonia, respeito, garantia dos Direitos Humanos? Como você e o seu logos se relacionam entre si e em relação aos projetos de sucesso, de lucro, de desenvolvimento e progresso de sua organização?

Como está se relacionando com o mais íntimo de si mesmo, com a essência da Vida, com o Sagrado?

Será que é capaz de ver, ouvir, sentir e perceber a rede de inter relacionamentos de que é feita a vida? Percebe e leva em consideração, na tomada de decisões, a interdependência?

Tanto individualmente, como no coletivo, nossa participação e compreensão como estão? Será que estamos conscientemente vivendo nossas vidas e direcionando nossos pensamentos, ações e palavras para o sentido de mudança que queremos e sonhamos?

Mahatma Gandhi disse: "Temos de ser a transformação que queremos no mundo".

Geralmente pensamos no mundo como alguma coisa distante e separada de nós, mas nós somos a vida do universo em constante movimento. Podemos até dizer que o mundo somos nós. Nossa vida forma o mundo, é o mundo, não apenas está no mundo. Inclui todas as formas de vida e seus derivados e nos inclui neste instante, instante após instante. Há um monge chinês do século VII, Gensha Shibi , que dizia : "O Universo é uma jóia arredondada. Somos a vida desse universo em constante transformação. Nada vem de fora, nada sai para fora".

De momento a momento tudo está mudando, nós fazemos parte dessa mudança e podemos escolher, discernir qual o caminho que queremos dar a esse constante transformar. É por isso que digo que a transformação começa em nós. Na verdade vai além de apenas começar. É em nós. Nossa capacidade humana de inteligência e compreensão nos permite fazer escolhas. E o que estamos escolhendo?

domingo, 28 de outubro de 2012

A sensação e o pensamento.

Será possível alguém se tornar um São Francisco ou um Dalai Lama apenas pela lei do acaso e da necessidade? Esta é uma descabida pretensão, típica do materialismo científico, que é um produto criativo da articulação de apenas duas funções da psique, a da sensação e a do pensamento. Com este instrumento parcial, como compreender a totalidade psíquica, que integra, de modo complementar, a emoção e a intuição? Percebendo a ingenuidade deste racionalismo analítico e redutor, Jung passou a palavra para a própria psique, que é mais sábia, contendo a virtude de uma mente objetiva e coletiva: ‘Fale, Psique; eu estou à escuta’. Assim, através do método da imaginação ativa e ancorando na física quântica, transcendendo as metáforas termodinâmicas de Freud, ele pode ir muito além, propondo o processo de individuação, uma travessia no universo interior que do ego nos conduz ao Self, ao Ser.

Para se entender a evolução humana, além das pesquisas de Darwin e os seus seguidores, necessitamos estudar Plotino, Jacob Boehme, Teilhard de Chardin, Gurdjieff, Ouspensky, Aurobindo, Rudolf-Steiner, Pietro Ubaldi, Krishnamurti, Ken Wilber, Jean-Yves Leloup, entre outros, que se dedicaram à sóbria e vasta pesquisa do desenvolvimento evolutivo. Os que desvelaram o inaudito alcance do potencial humano, muito além do humano, demasiado humano, abominado por Nietzsche. Enfim, o ser humano é uma possibilidade, um devir, um embrião de plenitude em cada um de nós. Como afirma a sábia parábola, daquele que foi um ícone de totalidade e plenitude humana, há que se investir nos talentos que nos foram confiados. Os que, medrosa e indolentemente os enterram, não serão convidados para o banquete da excelência, conformando a horda medíocre da normose.

Autor: Roberto Crema

domingo, 21 de outubro de 2012

Amaldiçoando

Um feiticeiro mexicano conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, ele caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante.
O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro, e continua a acompanhar seu mestre.
Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o feiticeiro dá meia-volta e começa a viagem de volta.
“Você não me ensinou nada hoje”, diz o aprendiz, levando mais um tombo.
“Ensinei sim, mas você parece que não aprende”, responde o feiticeiro. “Estou tentando lhe ensinar como se lida com os erros da vida”.
“E como lidar com eles?”
“Como deveria lidar com seus tombos. Ao invés de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar aquilo que provocou a queda”.

Disponível em: http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/2012/10/18/amaldicoando/

domingo, 7 de outubro de 2012

Homenagem a Allan Kardec

Trouxeste, Allan Kardec, à longa noite humana,
O Cristo em nova luz – revivescida aurora!
E onde estejas serás, eternidade afora,
A verdade sublime, em que o mundo se irmana.

Em teu verbo solar, a justiça se ufana
De aclarar, consolando, o coração que chora,
A fé brilha, o bem salva, a estrada se aprimora
E a vida, além da morte, esplende soberana!...

Escuta a gratidão da Terra... Em toda parte,
A alma do povo freme e canta ao relembrar-te
A presença estelar e a serena vitória.

Gênio, serviste! Herói, exterminaste as trevas!...
Recebe com Jesus, na glória a que te elevas,
Nosso preito de amor nos tributos da História.

Amaral Ornelas
Soneto publicado em “O Reformador” no ano de 1969.

domingo, 30 de setembro de 2012

Paz pela Paz - Nando Cordel


Para iniciarmos mais uma semana em harmonia com a Divindade dentro de nós. Muita paz para todos!

domingo, 23 de setembro de 2012

A Arte de Morrer

O mundo que nos rodeia não nos ensina a morrer. Tudo é feito para esconder a morte, para incitar-nos a viver sem pensar nela, em termos de um projeto, como se estivéssemos voltados para objetivos a serem alcançados e apoiados em valores de efetividade. Tampouco nos ensina a viver. No máximo a ter êxito na vida, o que não é a mesma coisa. Trata-se de “fazer”, de “ter” cada vez mais, em uma corrida desenfreada em busca de uma felicidade material a respeito da qual acabamos por perceber, mais cedo ou mais tarde, não ser suficiente para conferir um sentido às nossas existências. Assim, às vezes ouvimos da boca de agonizantes revoltados, amargurados, o derradeiro lamento por terem passado ao largo do essencial. Não é necessário ser particularmente religioso para sentir que não estamos nesta terra para passar nossa vida a produzir e consumir.

Em uma das suas conferencias sobre a experiência da morte, o padre Maurice Zundel formulava a questão nestes termos: O que fazemos da nossa vida? Estamos à procura de nós mesmos, fugimos de nós, reencontramo-nos de forma intermitente e nunca chegamos a fechar o círculo, a definir-nos a nós próprios, a saber quem somos... Não temos tempo, a vida passa tão depressa, estamos absorvidos pela preocupações materiais ou por diversões... e, finalmente, a morte chega e é em sua presença que tomamos consciência de que a vida poderia ter sido algo de imenso, de prodigioso, de criador. Mas já é tarde demais... e a vida só adquire todo o seu relevo no imenso desgosto de uma coisa inacabada. É, então, que a morte, justamente porque a vida ficou inacabada, aparece como um sorvedouro.

Onde é que, atualmente, a questão do sentido poderá expressar-se? Onde poderá encontrar a resposta?

Todo homem confrontado com a iminência da morte pode ser levado a formular-se questões de ordem espiritual (qual é o sentido da minha vida? Haverá uma transcendência? O que acontecerá ao meu ser?). Como é grande a solidão quando não conseguimos expressar tais questões, compartilha-las com os outros! Estaremos prontos para escutá-las? O que dizer, como proceder perante o absurdo do luto, o desgosto, o desespero? O que responder àqueles que perguntam por que? Àquele que – entrevado, dependente, com o corpo deteriorado – pergunta a si mesmo que sentido poderá ter a prolongação da vida?

Autor: Jean- Yves Leloup

domingo, 16 de setembro de 2012

Breve Histórico sobre Magnetismo

Identificar as origens da terapia espírita conhecida como passes é realizar longa viagem aos tempos imemoriais, aos horizontes primitivos da pré-história, porquanto essa técnica de cura está presente em toda a história do homem. "Desde essa época remota, o homem e os animais já conviviam com o acidente e com a doença. Pesquisas destacam que os dinossauros eram afetados' por tumores na sua estrutura óssea; no homem do período paleolítico e da era neolítica há evidência de tuberculose da espinha e de crises epilépticas".

"Herculano Pires diz que o passe nasceu nas civilizações antigas, como um ritual das crenças primitivas. A agilidade das mãos sugeria a existência de poderes misteriosos, praticamente comprovados pelas ações cotidianas da fricção que acalmava a dor. As bênçãos foram as primeiras manifestações típicas dos passes. O selvagem não teorizava, mas experimentava, instintivamente, e aprendia a fazer e a desfazer as ações, com o poder das mãos".

No Antigo Testamento, em II Reis, encontramos a expectativa de Naamá: "pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia de pé, invocaria o nome do Senhor seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra, e restauraria o leproso".

Na Caldéia e na Índia, os magos e brâmanes, respectivamente, curavam pela aplicação do olhar, estimulando a letargia e o sono. No Egito, no templo da deusa Isis, as multidões aí acorriam, procurando o alívio dos sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos.

Dos egípcios, os gregos aprenderam a arte de curar. O historiador Heródoto destaca, em suas obras, os santuários que existiam nessa época para a realização das fricções magnéticas.

Em Roma, a saúde era recuperada através de operações magnéticas. Galeno, um dos pais da medicina moderna, devia sua experiência na supressão de certas doenças de seus pacientes à inspiração que recebia durante o sono. Hipócrates também vivenciou esses momentos transcendentais, bem como outros nomes famosos, como Avicena, Paracelso...

Baixos relevos descobertos na Caldéia e no Egito, apresentam sacerdotes e crentes em atitudes que sugerem a prática da hipnose nos templos antigos, com finalidades certamente terapêuticas.

"Com o passar dos tempos, curandeiros, bruxas, mágicos, faquires e, até mesmo, reis (Eduardo, O Confessor; Olavo, Santo Rei da Noruega e vários outros) utilizavam os toques reais".

Depreendemos, a partir desses breves registros, que a arte de curar através da influência magnética era prática normal desde os tempos antigos, sobretudo no tempo de Jesus, quando os seus seguidores exercitavam a técnica da cura fluídica através das mãos. Em o Novo Testamento vamos encontrar o momento histórico do próprio Mestre em ação: E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da lepra. "Os processos energéticos utilizados pelo Grande Mestre da Galiléia são ainda uma incógnita. O talita kume! ecoando através dos séculos, causa espanto e admiração. A uma ordem do Mestre, levanta-se a menina dada como morta, pranteada por parentes e amigos".

Todos esses fatos longínquos pertencem ao período anterior a Franz Anton Mesmer, nascido a 23.05.1733 em Weil, Áustria. Educado em colégio religioso, estudou Filosofia, Teologia, Direito e Medicina, dedicando-se também à Astrologia.

"No século XVIII, Mesmer, após estudar a cura mineral magnética do astrônomo jesuíta Maximiliano Hell, professor da Universidade de Viena, bem como os trabalhos de cura magnética de J.J. Gassner, divulgou uma série de técnicas relativas à utilização do magnetismo humano, instrumentalizado pela imposição das mãos. Tais estudos levaram-no a elaborar a sua tese de doutorado - De Planetarium Inflexu, em 1766 - de cujos princípios jamais se afastou. Mais tarde, assumiram destaque as experiências do Barão de Reichenbach e do Coronel Alberto de Rochas".

Mesmer admitia a existência de uma força magnética que se manifestava através da atuação de um "fluido universalmente distribuído, que se insinuava na substância dos nervos e dava, ao corpo humano, propriedades análogas ao do imã. Esse fluido, sob controle, poderia ser usado como finalidade terapêutica".

Grande foi a repercussão da Doutrina de Mesmer, desde a publicação, em 1779, das suas proposições: A memória 50bre a descoberta do Magnetismo Animal, passando, em seguida, a ser alvo de hostilidades e, em face das surpreendentes experiências práticas de terapia, conseguindo curas consideráveis, na época vistas como maravilhosas, transformar-se em tema de discussões e estudos.

"Em breve, formaram-se dois campos: os que negavam obstinadamente todos os fatos, e os que, pelo contrário, admitiam-nos com fé cega, levada, algumas vezes até à exageração".

Enquanto a Faculdade de Medicina de Paris "proibia qualquer médico declarar-se partidário do Magnetismo Animal, sob pena de ser excluído do quadro dos doutores da época", um movimento favorável às idéias de Mesmer levava à formação das Sociedades Magnéticas, sob a denominação de Sociedades de Harmonia, que tinham por fim o tratamento das moléstias.

Em França, por toda a parte, curava-se pelo novo método. "Nunca, diria Du Potet, a medicina ordinária ofereceu ao público o exemplo de tantas garantias", em face dos relatórios confirmando as curas, que eram impressos e distribuídos em grande quantidade para esclarecimento do povo.

Como destacamos, o Magnetismo era tema principal de observação e estudos, sendo designadas Comissões para estudar a realidade das técnicas mesmerianas, atraindo a atenção de leigos e sábios. Em 1831, a Academia de Ciências de Paris, reestudando os fenômenos, reconhece os fluidos magnéticos como realidade científica. Em 1837, porém, retrata-se da decisão anterior, e nega a existência dos fluidos.

Deduz-se que essa atitude dos relatores teria sido provocada pela forma adotada pelos magnetizadores para tornar popular a novel Doutrina: explorando o que se chamou A Magia do Magnetismo, utilizando pacientes sonambúlicos, teatralizando a série de fenômenos que ocorriam durante as sessões, e as encenações ruidosas, que ficaram conhecidas como a Câmara das Crises ou O Inferno das Convulsões, tendo como destaque central a Tina de Mesmer - uma grande caixa redonda feita de carvalho, cheia de água, vidro moído e limalha de ferro, em torno da qual os doentes, em silêncio, davam-se as mãos, e apoiavam as hastes de ferro, que saiam pela tampa perfurada, sobre a parte do corpo que causava a dor. Todos eram rodeados por uma corda comprida que partia do reservatório, formando a corrente magnética.

Todo esse aparato, porém, não era apropriado para convencer os observadores do efeito eficaz e positivo das imposições e dos passes.

Ipso facto, as Comissões se inclinaram pela condenação do Magnetismo, considerando que as virtudes do tratamento ficavam ocultas, enquanto os processos empregados estimulavam desconfiança e descrédito.

Os seguidores de Mesmer, entretanto, continuaram a pesquisar e a experimentar.

"O Marquês de Puységur descobre, à custa de sugestões tranquilizadoras aos magnetizados; o estado sonambúlico do hipnotismo; seguem os seus passos Du Potet e Charles Lafontaine".

No sul da Alemanha, o padre Gassner leva os seus pacientes ao estado cataléptico, usando fórmulas e rituais, admitindo a influência espiritual.

Em 1841, um médico inglês, o Dr.James Braid, de Manchester, surpreendeu-se com a singularidade dos resultados produzidos pelo conhecido magnetizador Lafontaine, assistindo uma de suas sessões públicas, ao agir sobre os seus pacientes, fixando-lhes os olhos e segurando-lhes os polegares.

Braid, em seus trabalhos e escritos científicos, procurou explicar o estado psíquico especial, que era comum nos fenômenos ditos magnéticos, sonambúlicos e sugestivos. Em seus derradeiros trabalhos passou a admitir a hipótese de dois fenômenos de efeitos semelhantes: um hipnótico, normal, devido a causas conhecidas e um magnético, paranormal, a exemplo da visão a distância e a previsão do futuro.

Outros pesquisadores seguiram-no: Charcot, Janet, Myers, Ochorowicz, Binet e outros.

Em 1875, Charles Richet, então ainda estudante, busca provar a autenticidade científica do estado hipnótico, que segundo ele, mais não era que um estado fisiológico normal, no qual a inteligência se encontrava, apenas, exaltada".

Antes, porém, em Paris, o Magnetismo também atrairá a atenção do pedagogo, homem de ciências, Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail. Consoante o Prof. Canuto Abreu, em sua célebre obra O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Rivail integrava o grupo de pesquisadores formado pelo Barão Du Potet (1796-1881), adepto de Mesmer, editor do Journal du Magnétisme e dirigente da Sociedade Mesmeriana. À página 139 dessa elucidativa obra, depreende-se que o Prof. Rivail freqüentava, até 1850, sessões sonambúlicas, onde buscava solução para os casos de enfermidades a ele confiados, embora se considerasse modesto magnetizador.

Os vínculos, do futuro Codificador da Doutrina Espírita, com o Magnetismo, ficam evidenciados nas suas anotações intimas, constantes de Obras Póstumas, relatando a sua iniciação no Espiritismo, quando em 1854 interessa-se pelas informações que lhe são transmitidas pelo magnetizador Fortier, sobre as mesas girantes, que lhe diz: "parece que já não são somente as pessoas que se podem magnetizar"..., sentindo-se à vontade nesse diálogo com o então pedagogista Rivail. São dois magnetizadores, ou passistas, que se encontram e abordam questões do seu íntimo e imediato interesse.

Mais tarde, ao escrever a edição de março de 1858 da Revista Espírita, quase um ano após o lançamento de O Livro dos Espíritos em 18.04.1857, Kardec destacaria: " O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo(...). Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas(...) sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem falar de outro". E conclui, no seu artigo: "Devíamos aos nossos leitores esta profissão de fé, que terminamos com uma justa homenagem aos homens de convicção que, enfrentando o ridículo, o sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se corajosamente à defesa de uma causa tão humanitária.

É o depoimento inconteste do valor e da profunda importância da terapia através dos passes, e, mais tarde, em 1868, ao escrever a quinta e última obra da Codificação, A Gênese, abordaria ele a "momentosa questão das curas através da ação fluídica", destacando que todas as curas desse gênero são variedades do Magnetismo, diferindo apenas pela potência e rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: é o fluido que desempenha o papel de agente terapêutico, e o efeito está subordinado à sua qualidade e circunstâncias especiais.

Os passes têm percorrido um longo caminho desde as origens da humanidade, como prática terapêutica eficiente, e, modernamente, estão inseridos no universo das chamadas Terapêuticas Espiritualistas.

Tem sido exitosa, em muitos casos, a sua aplicação no tratamento das perturbações mentais e de origem patológica. Praticado, estudado, observado sob variáveis nomenclaturas, a exemplo de magnoterapia, fluidoterapia, bioenergia, imposição das mãos, tratamento magnético, transfusão de energia-psi, o passe vem notabilizando a sua qualidade terapêutica, destacando-se seus desdobramentos em Passe Espiritual (energias dos Espíritos), Passe Magnético (energias do médium) e Passe Mediúnico (energias dos Espíritos e do médium), constituindo-se, na atualidade, em excelente terapia praticada largamente nas Instituições Espíritas.

Amparado por um suporte científico, graças, sobretudo, às experiências da Kirliangrafia ou efeito Kirlian, de que se têm ocupado investigadores da área da Parapsicologia, e às novas descobertas da Física no campo da energia, vem obtendo a aceitação e a prescrição de profissionais dos quadros da Medicina, sobretudo da psiquiátrica, confirmando a excelência do Espiritismo, que explica a etiologia das enfermidades mentais e oferece amplas possibilidades de cura desses distúrbios psíquicos, ampliando a ação terapêutica da Psicoterapia moderna.

Autor: Adilton Pugliese

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ciência de bem viver

Tranquilamente, confiante, avança, passo a passo, pelo caminho da evolução. Não busques, nem fujas dos fenômenos da existência física.
Intenta ser o controlador dos teus impulsos e sentimentos, de maneira que o insucesso não te infelicite nem o êxito te exalte.
Na paz interior descobrirás a libertação das dores, porque lograrás vencer as paixões.
Utilizando-te de uma consciência equânime, aceita as ocorrências positivas e negativas com a mesma naturalidade, sem sofreguidão nem indiferença.
Mantém-te interiormente livre em qualquer circunstância, adquirindo a ciência verdadeira do viver.
A ilusão fascina, mas se desvanece.
A posse agrada, porém se transfere de mãos.
O poder apaixona, entretanto, transita de pessoa.
O prazer alegra, todavia é efêmero.
A glória terrestre exalta e desaparece.
O triunfador de hoje, passa, mais tarde, vencido...
A dor aflige, mas passa.
A carência aturde, porém um dia se preenche.
A debilidade orgânica deprime, todavia, liberta da paixão.
O silêncio que entristece, leva à meditação que felicita.
A submissão aflige, entretanto engrandece e enrija o caráter.
O fracasso espezinha, ao mesmo tempo ensina o homem a conquistar-se.
Todas as situações no mundo sensorial passam, mudam de posição e de forma.
A essência da realidade, porém, permanece sempre a mesma.
Nada é definitivo na aparência.
Apenas o que tem valor intrínseco é duradouro.
Quem, espontaneamente, se abstém dos sentidos e das exterioridades, sem mágoa nem frustração, encontrou a ciência de bem viver.

Autor: Divaldo Pereira Franco - Momentos de Meditação - Pelo Espírito Joanna de Ângelis

domingo, 2 de setembro de 2012

domingo, 26 de agosto de 2012

Vergonha

Vivemos cercados por uma atmosfera de culpa. Nos sentimos culpados por tudo que há de autentico em nós: por nosso salário, nossas opiniões, nossas experiências, nossos desejos ocultos, nossa maneira de falar – nos sentimos culpados até mesmo por nossos pais e nossos irmãos.

E qual o resultado? Paralisia. Ficamos com vergonha de fazer qualquer coisa que seja diferente do que os outros estão esperando de nós. Não expomos nossas ideias, não pedimos nem mesmo algo que precisamos muito. E justificamos isto, dizendo: “Jesus sofreu, e o sofrimento é necessário”.

Jesus atravessou muitas situações de sofrimento, mas jamais procurou permanecer nelas. Não se pode ocultar a covardia com desculpas deste tipo, senão o mundo inteiro não segue adiante.

Autor: Paulo Coelho

domingo, 19 de agosto de 2012

Monismo


O termo monismo, que significa literalmente doutrina da unidade, foi cunhado no século XVIII pelo pensador alemão Christian Wolff e, posteriormente, vulgarizado por Ernst Haeckel e Wilhelm Ostwald.

Monismo é a teoria filosófica que toma como base de todo ser uma única substância ou uma única espécie de substância. Opõe-se ao dualismo e ao pluralismo, pois reduz as relações a um princípio fundamental, único ou unitário, que tudo explica e contém.

Encontram-se concepções monistas na filosofia hindu, no pensamento chinês e na filosofia grega, desde a pré-socrática até a pós-clássica. A nota comum entre todos os sistemas monistas é a redução de todas as coisas e princípios à unidade, quer quanto à substância (monismo ontológico, metafísico ou religioso), quer quanto às leis lógicas ou físicas (monismo lógico ou gnosiológico), ou quanto às bases do comportamento moral (monismo ético).

Para o hilozoísmo grego, toda matéria é viva, ou em si mesma ou porque participa da alma do mundo. Compartilham essa concepção Tales de Mileto, Anaximandro, Heráclito, Parmênides, Demócrito, Epicuro e Lucrécio. O hilozoísmo se manifesta ainda na física dos estóicos, para quem o pneuma, composto de ar (substância fria) e fogo (substância quente), é o princípio de todas as coisas.

Depois do Renascimento, o monismo ontológico ou religioso encontrou um de seus maiores pensadores no italiano Giordano Bruno, para quem Deus, suprema unidade de todas as coisas, se confunde com a natureza, de que é vida, força e matéria. Outro monista foi o holandês Baruch de Spinoza, defensor da ideia segundo a qual espírito e corpo são atributos da substância divina, sendo Deus e a natureza a mesma coisa. A monadologia de Leibniz representa um monismo espiritualista, também cabível a Berkeley e a Rudolf Hermann Lotze. No monismo materialista, em oposição, incluem-se Thomas Hobbes, John Toland, Dietrich Holbach, Pierre Maupertuis e Diderot, também hilozoístas. Na passagem para o século XIX, Herder e Goethe representaram um monismo panteísta, como o de Bruno e Spinoza.

Com Haeckel, o monismo como sistema filosófico materialista prevaleceu sobre as tendências idealistas no pensamento contemporâneo. No Brasil, a difusão das ideias de Haeckel se deu por meio da chamada escola de Recife, com Tobias Barreto e seus discípulos. Dentro do monismo naturalista, à maneira de Haeckel, inclui-se ainda a doutrina de Ostwald, para quem a única e última realidade é a energia.

domingo, 12 de agosto de 2012

Origem do Dia dos Pais

O Dia dos Pais teve origem na antiga Babilônia, há mais de 4 mil anos. Um jovem chamado Elmesu moldou em argila o primeiro cartão para o Dia dos Pais com mensagens em que desejava sorte, saúde e longa vida ao seu pai.

Em 1909, a data surgiu nos Estados Unidos por Sonora Luise motivada pela admiração que sentia pelo seu pai, William Jackson Smart. O interesse pela data difundiu-se da cidade de Spokane para todo o Estado de Washington e daí tornou-se uma festa nacional, oficializada em 1972 pelo então presidente Richard Nixon, sendo comemorada sempre no terceiro domingo do mês de junho.

No Brasil, o Dia dos Pais surgiu em meados da década de 50, pelo publicitário Sylvio Bhering celebrada inicialmente no dia 28 de fevereiro, dia em que comemora-se o dia de São Joaquim, patriarca da família e, segundo a tradição da igreja católica, também o Dia do Padrinho. Atualmente, o Dia dos Pais é comemorado sempre no segundo domingo do mês de agosto.

A Paternidade

Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, Parte Segunda – Capítulo 10 - "Ocupações e missões dos espíritos", encontramos a seguinte explicação sobre a paternidade:

582 - Pode se considerar como missão a paternidade?

"É, sem dúvida, uma missão, e é ao mesmo tempo um dever muito grande que obriga, mais que o homem pensa, sua responsabilidade diante do futuro. Deus colocou a criança sob a tutela de seus pais para que esses a dirijam no caminho do bem, e facilitou a tarefa, dando à criança um organismo frágil e delicado que a torna acessível a todas as influências. Mas há os que se ocupam mais em endireitar as árvores de seu pomar e as fazer produzir bons frutos do que endireitar o caráter de seu filho. Se esse fracassa por erro deles, carregarão a pena e os sofrimentos do filho na vida futura, que recairão sobre eles, porque não fizeram o que deles dependia para seu adiantamento no caminho do bem".

Segundo o livro “Nos Domínios da Mediunidade”, André Luiz, através da psicografia do médium Chico Xavier a paternidade vai além da missão de educador; é abordada com enfoque maior ao progresso moral, como evidencia o trecho a seguir [...] "A paternidade e a maternidade, dignamente vividas no mundo, constituem sacerdócio dos mais altos para o Espírito reencarnado na Terra, pois através dela a regeneração e o progresso se efetuam com segurança e clareza" [...]

A paternidade, segundo o espiritismo, significa receber preciosos talentos, que conforme o ensino da Parábola dos Talentos encontrada em O Evangelho de Mateus (25:14-29), devem ser movimentados com inteligência para que produzam os juros devidos, ou seja, o adiantamento daqueles por cuja educação nós tenhamos sido responsáveis, é o momento de transição em que o homem deixa de ser filho para ser pai, com responsabilidades com um outro ser.

José Herculano Pires aborda a questão da paternidade num enfoque maior à responsabilidade de educar em bases cristãs:

“A Educação Cristã reformou o mundo, mas os homens a complicaram e deturparam. A consciência do pecado pesou mais nas almas do que a consciência da libertação em Cristo. Tomás de Aquino ensinou: ´... Mães, os vossos filhos são cavalos! ´ Educar transformou-se em domar, domesticar, subjugar. A repressão gerou a revolta e reconduziu o mundo ao ateísmo e ao materialismo, à loucura do sensualismo. A Educação Espírita é a Renascença da Pedagogia Cristã. É nela que o exemplo e o ensino do Cristo renascem na Terra em sua pureza primitiva. Precisamos reformar os nossos conceitos de educação à luz dos princípios espíritas e dos grandes exemplos históricos. Dizia uma grande figura espiritualista inglesa, Annie Besant6, que cada criança e cada adolescente representam planos de Deus encarnados na Terra e endereçados ao futuro. Aprendemos a respeitar essas mensagens divinas. Lembremo-nos de nossa própria infância e se por acaso verificamos que nossa mensagem se perdeu ao longo da existência, que nosso plano divino foi prejudicado pelos homens, pelos maus exemplos e pelos ensinos falsos, juremos perante o nosso coração que havemos de evitar esse prejuízo para as novas gerações. Pais, sejamos mestres! Mestres, sejamos pais! Que cada rostinho de criança aberto à nossa frente, como uma flor que desabrocha, nos desperte no coração o melhor de nós mesmos, o impulso do amor. Que cada adolescente, na sua inquietude e na sua irreverência - jovem ego que se afirma pela oposição ao mundo - não provoque a nossa compreensão e a nossa ternura. Para domar o potro precisamos de sela e das esporas, mas para educar o jovem só necessitamos de amor. A educação espírita como no lar como uma fonte oculta e deve ganhar a planície como um rio tranquilo em busca do mar” (PIRES, J. Herculano - Pedagogia Espírita, Edicel, 1985).

1Sonora Louise Smart - (Arkansas), filha do agricultor William Jackson Smart e sua esposa Victoria Ellen Cheek Smart,membro da artilharia First Light Arkansas que lutou na 1862 Batalha de Pea Ridge, durante a Guerra Civil.

2 Sylvio Bhering - Publicitário e um dos fundadores da Associação Brasileira de Propaganda, ajudou a criar o código de ética da propaganda.

3 André Luiz - Médico sanitarista (século XX – Rio de Janeiro), segundo suas próprias palavras, optou pelo anonimato, quando da decisão de enviar notícias do além-túmulo, por compreender que "a existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade".

4 José Herculano Pires (1914 – 1979) – Jornalista, filósofo, educador e escritor espírita, nasceu em Avaré, interior de São Paulo.

5 Tomaz de Aquino - Roccasecca, (1225-1274) foi um padre dominicano, filósofo e teólogo de Fossanova, 6 Annie Wood Besant – (1847-1933), Teósofa, militante socialista de Londres.

domingo, 5 de agosto de 2012

AHINSA

Ahinsa é uma qualidade positiva e dinâmica de amor universal, e não uma simples atitude de não violência. Aquele que a desenvolve, vive rodeado de uma invisível aura carregada de amor e compaixão, embora não os expresse ao nível emocional.

Uma vez que o amor é o poder que liga em união espiritual a todos os fragmentos separados da vida una, qualquer indivíduo imbuído de semelhante amor está internamente afinado com todas as criaturas viventes e, automaticamente, as inspira em confiança e amor.

Autor: Dr. I. K. Taimini, em “A Ciência da Ioga”

Concorda??

domingo, 29 de julho de 2012

Desastres naturais, violências humanas

O tornado nos Estados Unidos destrói casas assim como tsunami no Japão.
Os suicidas enlouquecidos matam em escolas, mesquitas, shopping centers, igrejas, ruas.
Há desastres naturais: a Terra é um planeta vivo.
Há movimento de ventos, de águas, de terras.
Movimentos internos, sutis, que nos parecem tão fortes e violentos.
Há violências humanas: ódios, traumas, vinganças, poder, descontrole.
Movimentos internos dos ventos nos corpos, nas mentes. Movimento dos líquidos, dos sólidos.
Movimentos grosseiros, fortes, violentos.
Mas há a ternura, há o cuidado, há o sol suave no céu azul e nas planta verdes brilhantes.
Cada gotícula de orvalho se dissolve. Os pássaros cantam, voando amarelo, azul canário, verde periquito.
Nuvens brancas passageiras, se movem e as folhas dos coqueiros, das goiabeiras, mangueiras balançam suavemente.
Há praias mansas, de águas translúcidas.
Há praias bravas de águas revoltas.
Depois do tsunami o mar do nordeste japonês está calmo. Os escombros amontoados são aos poucos transformados, remexidos, preparados para a renovação.
Depois das violências no Realengo, no Rio, há uma calma tristonha pelos corredores e salas de aulas. Alunos, alunas, professores e professoras precisam continuar seu aprendizado. Há uma reflexão, talvez, sobre acolhida e rejeição.
Os noticiários procuram entender os assassinos.
Pesquisam suas vidas, suas casas, seus textos e interesses.
Queria pesquisar também as vítimas – as meninas que eram lindas e tinham suas vidas, suas casas, seus textos e seus interesses.
Queremos sempre saber as causas para evitar que os acidentes ocorram.
Há sismógrafos, há seguranças, há sistemas de proteção e prevenção. E se tudo falhar, como falhou? A lágrima é de água e sal.
O que fazer do vento a mais de duzentos quilômetros por hora?
O que fazer das águas a mais de oitocentos quilômetros por hora?
O que fazer do descontrole emocional, da loucura a milhares de quilômetros por hora?
Países em lutas internas. Humanos matando humanos. Humanos matando a natureza. A vida destruindo a vida.
Renova ação.
Recupera ação.
Nos sentimos irmanados no sofrimento e na dor.
Assim como no Japão, norte americanos fazem uma fila e passam sacos de areia tentando minimizar a invasão dos rios nas casas, nas ruas, nas almas dos seres.
Podemos sim fazer muitas coisas.
Podemos nos unir e reconstruir casas e cidades.
Podemos nos unir e descobrir como controlar a radioatividade.
Podemos nos unir e descobrir como funciona a mente humana.
Podemos nos unir e cultivar um bem muito maior do que as limitações das religiões mal compreendidas, das filosofias não entendidas, dos propósitos mal acabados, das economias mal articuladas, das ambições desenfreadas.
Um mundo de ternura.
Masaru Enomoto, que fotografou moléculas de água, nos pede a orar pelas águas de Fukushima.
Perdoem-nos águas, pelas nossa ignorância e pela poluição radioativa. Nós amamos você água sagrada que permeia toda a Terra.
Pensamentos de amor, de cuidado, de ternura.
Circulando.
Acreditando.
Chega de violências humanas. Já nos bastam as da grande natureza. Esta sim, não com raiva, não por rancor ou vingança. A Terra se move, o pluriverso está vivo.
Sentimentos humanos precisam ser entendidos, transformados, cultivando o pensamento maior de fazer o bem a todos os seres.
Isso é treinamento, prática incessante.
Nas escolas, nas casas, nas televisões, nas internets. Um processo coletivo, emergencial.
Por que divulgar tanto o mal?
Por que não divulgar o bem?
A alegria do nascimento, a renovação de Kobe, de Hiroshima. As plantas, os pássaros, as crianças correndo livres.
Cabe a nós, a cada um e cada uma de nós, a nos religarmos à beleza da vida.
Cabe a nós, a cada um e a cada uma de nós, a construir uma cultura de paz.
Comecemos com humildade em atitudes simples, como as pessoas do Japão dividindo alimentos, tristezas e esperanças.
Há tanto a ser feito.
Faça o seu melhor em cada momento.
Perceba as emoções prejudiciais – inveja, ciúmes, raiva, rancor.
Despeje sobre elas algumas gramas de amor, compreensão, sabedoria e compaixão.
Seja a transformação que quer no mundo.
Menos armas, menos munição, menos medo, menos reclamação.
Vamos colocar nossa energia de vida em bem da própria vida?
Sorria, o coelhinho está na lua, trabalhando, suando, batendo o motchi (bolinho de arroz especial).
Confie e aprecie a vida.
Mesmo na dor, mesmo na perda, há sempre uma nova partida.
Que os méritos de nossas práticas se estendam a todos os seres e que possamos todos e todas nos tornarmos o Caminho Iluminado.
Mãos em prece

Autora: Monja Coen

domingo, 22 de julho de 2012

O Caminho da Transmutação

É preciso que a rocha se transforme em pedra preciosa, que a erva seja árvore, que o animal desperte para a humanidade, que o humano se despoje para deixar surgir o iniciado, semelhante aos Irmãos das estrelas...

É preciso que o anjo desabroche em arcanjo, que do planeta brote um sol e, finalmente, que o sol se glorifique num fogo cósmico central. Isso se realizará primeiro por uma eterização da matéria e das consciências ao nível de nosso universo, fenômeno consecutivo a uma purificação externa e interna de cada forma de existência.

Tudo tem a ver com o nível de consciência, o resto não passa de uma aplicação deste princípio, meus irmãos. [...]

Nunca vos esqueçais disso, meus Irmãos, não vos esqueçais de ver grande, porque tudo é grande. O pequeno só tem significado na prisão de consciências reduzidas, que vosso amor seja grande, pois ele é a única força inextinguível que tudo envolve. Compreendei, finalmente: os mundos que brilham diante de vós, dos quais apenas vedes a casca mais vulgar, são os órgãos do corpo do meu Pai.

O Homem perfeito não é outro senão meu Pai e vós sois seus filhos, porque sois as partículas do seu corpo. Meu Pai vos chama para Ele a fim de crescerdes incomensuravelmente em consciência e vos tornardes outros homens perfeitos, criadores de mundos... [...]

Sabei, de agora em diante, tomar consciência de cada uma das células de vosso corpo; identificai-vos com elas e fazei com que venham a identificar-se convosco. Na verdade, não deveria existir diferença entre ela e vós. Através deste conhecimento, através principalmente do amor, fazei a partir de agora brilharem com toda sua luz os sete sois fundamentais do vosso corpo, que eles sejam os sete sinais e as sete igrejas de vossa aliança com ele. Este é o caminho real da Transmutação! [...]

Autores: Meurois-Givaudan

domingo, 15 de julho de 2012

Entrevista com Jean-Yves Leloup - De onde vem a Paz

- Vivemos um momento mundial de crise e conflito, com guerras, atentados, solidão, miséria, abandono. Diante disso, o senhor é pessimista ou otimista?

Sou realista. Acredito que essa época nos desafia a ficarmos lúcidos, a recusar todas as ilusões, porém sem perder a noção de que as mais sublimes qualidades sagradas - o amor, a esperança, a ternura, a compaixão - habitam cada um de nós, mesmo os que vivem nas condições mais desfavoráveis. A transformação do mundo começa pela transformação do ser humano por meio da educação e de uma visão global. Isto é, a todo instante, a cada escolha, temos de ter consciência de que tudo está interligado, que não se pode arrancar um tufo de grama aqui sem incomodar a estrela que está a milhares de quilômetros no céu, acima de nós.

- Como é possível perder as ilusões e não desesperar?

Vivendo no momento presente. Num dos encontros que tive com o Dalai-Lama, perguntei a ele o que é o nirvana e ele me respondeu: "É ver as coisas como elas são". A mesma sabedoria é encontrada no Evangelho em que Jesus dizia: "Isto é, isto é", nos convidando a viver sem acrescentar adjetivos, sem nos iludirmos, mas encarando o que está diante de nós como incentivo para seguir. Não podemos ficar apegados ao que queremos ver, m as enxergar bem a realidade, mesmo a mais cruel, como ponto de partida para ir mais longe.

- Para viver no presente, é preciso prestar atenção. Esse é justamente o tema do seu livro A Arte da Atenção (Editora Verus). Mas a maioria de nós é desatenta em relação às outras pessoas, a si mesmo, ao que está ao redor...

A atenção é a união do coração com a inteligência. A falta dessa conexão é o sinal mais concreto de que algo se quebrou na essência do ser humano. As causas são múltiplas - o estresse, o excesso de informação e de barulho são algumas delas. E de novo a atenção é o jeito de sair dessa roda-viva e de estar mais equilibrado.

- Como isso é possível?

Primeiro, estimulando os cinco sentidos: tato, olfato, audição, visão, paladar. Tocar, andar descalço, sentir a terra é uma das infinitas formas de fazer com que a mente, o corpo e as emoções estejam presentes no mesmo lugar, no mesmo instante. Depos, é preciso usar os sentidos para perceber o que está além deles - por exemplo, sentir que o silêncio faz parte da música, o que é dito nas entrelinhas, o que é invisível e tão concreto como a fé ou o amor. Assim é possível estar aberto a uma percepção mais verdadeira de tudo o que nos cerca.

- Por falar em amor, estamos numa era marcada pelo desencontro entre homens e mulheres, pelo conflito nas relações e pela solidão. Como é possível reverter isso?

De novo, a resposta é: pelo caminho da atenção. Só com ela, e não com a ilusão, podemos reconhecer que a outra pessoa existe e que não vai corresponder completamente à imagem que eu espero dela. Um dos dramas do homem contemporâneo é a perda da conexão com o coração. O sexo foi desconectado do sentimento, e isso causa muita nostalgia e desconforto. Amar supõe maturidade para não consumirmos o outro como um objeto de prazer, como se fôssemos grandes bebês, sugando matrizes de afeto.

- Mas, acredito, nada orientado por esse senso de satisfação imatura pode ser confundido com o amor.

Começa por aí, a criança ama sua mãe e a come. O que é bonito num bebezinho é menos apreciável em pessoas de 30, 40, 50 anos, não é?

- O que o senhor diria para quem está vivendo uma crise conjugal ou a solidão?

Para amar, temos de reconhecer que nós não sabemos amar, que é preciso experiência de uma vida inteira para aprender isso. E também conhecer a si mesmo, estar sozinho sem tristeza ou ansiedade.

- Então, fazer um pouco de silêncio por dia já ajudaria?

Isso não é apenas bom, mas necessário. O homem não vive apenas de pão. Vive também de ternura e desse alimento do ser profundo que é o silêncio. Por meio dele, podemos diminuir as expectativas sempre frustradas de que o amante (ou tudo ao seu redor) vá preencher nossas lacunas. Além disso, antes de amar alguém é preciso se aceitar e reconhecer os próprios limites. Não há amor sem humildade. No Cântico dos Cânticos, uma ode ao amor, escrita por Salomão, no Velho Testamento, o Bem-Amado diz à Bem-Amada: "Se não fores quem tu és, como poderemos nos encontrar?"

- E quanto às nossas tantas ilusões a respeito do par perfeito, dos encontros cinematográficos. Elas não são um vício?

Sim, acredito que produzimos muitas ilusões, desilusões e sofrimentos porque temos uma imagem idealizada do homem, da mulher, do romance. Isso impede o encontro real, verdadeiro.

- O senhor afirma que a paz no mundo depende de que ela exista entre homens e mulheres. Por que?

Em hebraico, a palavra paz é shalom, que significa ser inteiro. Nós não estamos em paz porque não somos inteiros. Muitas vezes a cabeça quer dominar tudo, desconfia do coração e dos sentidos. Algumas vezes é o sexo que sobe à cabeça e se sobrepõe à razão e ao sentimento. Não é fácil essa integração, mas podemos tentar juntar a intuição e a razão, qualidades masculinas e femininas, trabalho e descanso em nossas rotinas.

- O que perdemos quando o sexo é dominado pela razão?

A chance de aproveitar a intimidade de forma mais plena e sagrada. O Evangelho escrito por Felipe, apóstolo do Cristo, fala do sexo como a mais profunda comunhão do sopro divino, que resulta na fecundação, na possibilidade de uma nova vida. E isso não tem nada a ver com pecado, culpa ou jogo de poder. O famoso Kama Sutra - tratado sexual indiano, escrito cerca de 300 anos antes de Cristo - foi censurado pela Igreja, porém, em vez de suprimir desenho com as posições de cópula, o que foi omitido da versão original foram, justamente, os textos sagrados que acompanhavam cada imagem e foram julgados como profanos. E hoje, décadas depois da Revolução Sexual, podemos ter mais liberdade, no entanto, ainda não encaramos o sexo como um ritual divino - e isso também é fundamental para reconquistar a inteireza de corpo, mente e coração.

- Temos mais medo da vida ou da morte?

Temos medo de amar, pois, se amamos, arriscamos a vida. O medo de morrer é proporcional ao medo de viver. Alguém que não tem medo de viver, sobretudo, alguém que não tem medo de amar, não tem medo de morrer.

- Pensar em morrer já dá medo!

Aquele que tem consciência da morte é maior que a morte e não vítima dela. Apenas aquele que tem consciência da doença pode buscar a cura. O LIvro Tibetano dos Mortos ensina a ver a morte como uma ocasião de despertar, não somente para ele, mas para os que continuam vivos. Nessa atitude, o ser humano torna o dom da vida mais forte que a morte.

- O senhor acredita em milagres?

Santo Agostinho (354-430) dizia: "Os homens se surpreendem porque o Cristo transformou água em vinho. Mas vejam, é isso que faz a vinha todos os anos. Se surpreendem porque o Cristo ressuscitou os mortos. Mas perceba que há 30 anjos não estavas nem vivo." Isso quer dizer que somos tão cegos diante dos milagres do quotidiano que precisamos de fatos extraordinários para despertar. Mas, se soubermos ver o que vemos, tudo será milagre. Estar vivo para experimentar mais um dia é um milagre e não algo banal. Isso fica mais claro nas palavras de santa Tereza d'Ávila (1515-1582): "No dia em que as panelas da cozinha forem tão sagradas quanto os vasos dos altares, o sagrado estará na Terra e em cada gesto do quotidiano."

Revista Bons Fluidos (Brasil) - Dezembro 2002

domingo, 8 de julho de 2012

O Iluminado

Terminado os seus trabalhos de Onilateração, o Iluminado, uma vez sensibilizado, desperto e renascido, volveu o seu pensamento para Deus e disse:

- Pai! Estou de pé e à Ordem, pronto e mais do que só esperando, para trabalhar com a humanidade, em Seu nome segundo Seus desígnios; Seu plano; Suas metas; Suas estratégias; Sua logística.

Deus volveu-Se para ele e perguntou, afirmando:

- Sois iniciado?

Ele respondeu:

- Para isso renasci, Pai.

Deus insistiu da mesma forma:

- Foste elevado?

O Iluminado apontou:

- Para isso evolui, Pai.

Daí Deus indagou como das formas anteriores:

- Quais são os deveres de um Ser humano que deve empreender para fazer de si mesmo um Ser Humano mais do que humano? Enfim, quais são os deveres de um iniciado que já foi elevado?

O Iluminado não titubeou:

- Libertar-se de todos os preconceitos humanos, naturais e espirituais, através do conhecimento de si mesmo e das Leis Universais, principalmente a Lei de Necessidade, Pai.

Deus continuou:

- Estás seguro disto?

- O Iluminado respondeu:

- A Vossa Luz me Ilumina, Pai.

Deus, como quê cheio de "orgulho", considerou:

- Conserva-te assim filho e bom retorno; mas lembre-se que só me verás como idêntico!

Daí o Iluminado consumou:

- Melhor do que retornar é sempre ver o Senhor em tudo, a partir de mim mesmo, Pai, pois Eu Sou o que Sou.

A Arca - p. 1327

domingo, 1 de julho de 2012

A FELICIDADE DE BEZERRA DE MENEZES

(Diálogo entre Divaldo Franco e Bezerra de Menezes)

Um dia perguntei ao Dr. Bezerra de Menezes qual foi a sua maior felicidade quando chegou ao plano espiritual. Ele respondeu-me:

- A minha maior felicidade, meu filho, foi quando Celina, a mensageira de Maria Santíssima, se aproximou do leito em que eu ainda estava dormindo e, tocando-me, falou suavemente:

- Bezerra. Acorde, Bezerra!

Abri os olhos e vi-a, bela e radiosa.

- Minha filha, é você, Celina?!

- Sim, sou eu, meu amigo. A Mãe de Jesus pediu-me que lhe dissesse que você já se encontra na Vida Maior, havendo atravessado a porta da imortalidade. Agora, Bezerra, desperte feliz.

- Chegaram os meus familiares, os companheiros queridos das hostes espíritas que me vinham saudar. Mas, eu ouvia um murmúrio, que me parecia vir de fora. Então, Celina, me disse:

- Venha ver, Bezerra.

Ajudando-me a erguer-me do leito, amparou-me até uma sacada, e eu vi meu filho, uma multidão que me acenava com ternura e lágrimas nos olhos.

- Quem são, Celina? - perguntei-lhe - não conheço a ninguém. Quem são?

- São aqueles a quem você consolou, sem nunca perguntar-lhes o nome. São aqueles Espíritos atormentados, que chegaram às sessões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da terra, os destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou. São eles, que o vêm saudar no pórtico da eternidade...

E o Dr. Bezerra concluiu:

- A felicidade sem lindes existe, meu filho, como decorrência do bem que fazemos, das lágrimas que enxuga­mos, das palavras que semeamos no caminho, para atapetar a senda que um dia percorreremos.

Extraído do Livro “O Semeador de Estrelas” de Suely Caldas Schubert

domingo, 24 de junho de 2012

Casa arrumada

Casa arrumada é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos... Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

Autor:  Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
E-mail enviado por Solange Meinking